de flores delicadas e brancas.
E a abelha matinal aos primeiros raios da aurora pousou sobre ellas, dizendo: ?Vamos tomar o nosso café; e que chávenas t?o bonitas em que o deitaram!?
Provou com a linguita, exclamando: ?Que deliciosa bebida! N?o pouparam o assucar!?
No ver?o disse Deus: ?Ponham a mesa aos passarinhos!? E a cereijeira cobriu-se de mil fructos appetitosos e vermelhos.
?Ah! ah! exclamaram os passarinhos, foi em boa occasi?o; temos appetite, e isto dar-nos-ha novas for?as para podermos cantar uma nova can??o.? No outono disse Deus: ?Levantae a mesa, já est?o satisfeitos.? E o vento frio das montanhas come?ou a soprar, e fez estremecer a arvore.
As folhas tornaram-se amarellas e avermelhadas, cairam uma a uma, e o vento que as lan?ou ao ch?o erguia-as novamente, fazendo-as esvoa?ar.
Chegou o inverno e disse Deus: ?Cobri o resto!? E os turbilh?es dos ventos trouxeram a neve, sob cuja mortalha tudo dorme e descan?a.
*Os gigantes da montanha e os an?es da planicie*
Era uma vez uma familia de gigantes, que viviam n'um castello na montanha: um dos gigantes tinha uma filha de seis annos, da altura d'um alamo. Era curiosa e andava com vontade de descer á planície a ver o que faziam lá em baixo os homens, que de cima do monte lhe pareciam an?es. Um bello dia, em que seu pae o gigante tinha ido á ca?a e sua m?e estava dormindo, a joven giganta desatou a correr para um campo, onde os jornaleiros trabalhavam. Parou surprehendida a ver a charrua e os lavradores, coisas inteiramente novas para ella. ?Oh! que lindos brinquedos!? exclamou. Abaixou-se e estendeu por terra o avental, que quasi que cubriu o campo. Lan?ou-lhe dentro os homens, os cavallos, a charrua; de dois passos tornou a subir a montanha, e entrou no castello, onde seu pae estava a jantar.
--Que trazes ahi, minlia filha?? perguntou elle.
--Olhe, disse ella, abrindo o avental, que lindos brinquedos. S?o os mais bonitos que tenho visto.?
E pol-os em cima da mesa, a um e um,--os cavallos, a charrua e os trabalhadores, que estavam todos espantados, como formigas a quem tivessem transportado d'um formigueiro para um sal?o. A gigantinha poz-se a bater as palmas e a rir com uma alegria doida, mas o gigante fez-se serio e franziu o sobrolho. ?Fizeste mal, disse-lhe elle. Isso n?o s?o brinquedos, mas coisas e pessoas que devem estimar-se e respeitar-se. Mette tudo isso com cuidado no teu avental, e p?e-n'o immediatamente onde o achaste; porque fica sabendo que os gigantes da montanha, morreriam de fome, se os an?es da planicie deixassem de lavrar a terra e de semear o trigo.
*A crean?a, a anjo e fl?r*
Quando morre uma crean?a, desce um anjo do ceo, toma-a nos bra?os, e desdobrando as azas immaculadas, voa por cima de todos os sitios que ella amara durante a sua pequenina existencia; o anjo abaixa-se de quando em quando para colher flores, que leva a Deus, para que flores?am no paraiso ainda mais bellas do que tinham sido na terra. Deus recebe todas as flores, escolhe uma d'ellas, toca-a com os labios, e a flor escolhida, adquirindo voz immediatamente, come?a a cantar os coros maviosos dos bem-aventurados. Ora escutae o que disse o anjo a uma crean?a morta, que o estava ouvindo como n'um sonho. Pairaram primeiro sobre a casa em que a crean?a brincára, e depois sobre jardins deliciosos, cobertos de flores.
?Qual é a flor que desejas para plantar no paraiso?? perguntou o anjo.
Havia n'esse jardim uma roseira que tinha sido direita, vigorosa, magnifica; mas quebraram-lhe o pé, e todos os seus ramos cheios de bot?esinhos lindissimos pendiam estiolados para o ch?o.
?Pobre roseira! disse a crean?a ao anjo; vamos buscal-a para que possa reflorir no paraiso.?
O anjo foi buscal-a, e abra?ou a crean?a. Colheram muitas flores brilhantes, boninas humildes e violetas silvestres.
A colheita estava terminada, e comtudo n?o voavam ainda para Deus. Caiu a noite silenciosa, e a crean?a e o seu guia Divino andavam ainda por cima da grande cidade. Atravessaram uma das ruas mais estreitas, cheia de cacos de lou?a, de vidros partidos, de farrapos, de toda a casta de immundicie. Entre estes destro?os distinguiu o anjo um vaso de flores com a terra pelo ch?o, onde pendiam as longas raizes d'uma flor dos campos, já murcha, e que parecia n?o poder reverdecer: tinham-n'a atirado para a rua como inutil e morta.
?Vale a pena levantal-a disse o anjo; levemol-a, e pelo caminho, voando, te contarei a historia da florinha. Lá ao fundo, lá ao fundo, naquella rua estreita e tortuosa, morava um pequerrucho, uma crean?a miseravel e doente. Quando se sentia melhor, o mais que podia conseguir era passeiar com a ajuda das moletas ao longo de seu pequenino quarto. Em certos dias de ver?o os raios do sol visitavam-lhe a alcova, durante meia hora. Ent?o a crean?a sentada á janella, aquecida pelo

Continue reading on your phone by scaning this QR Code
Tip: The current page has been bookmarked automatically. If you wish to continue reading later, just open the
Dertz Homepage, and click on the 'continue reading' link at the bottom of the page.