resultados bem diversos; um enriquecia-se e o outro arruinava-se, o que n?o era de espantar, porque o primeiro zelava os seus negocios com uma actividade infatigavel, emquanto que o segundo, entregue inteiramente aos seus prazeres, encarregava os estranhos da direc??o da sua casa.
?Explica-me, disse um dia este ultimo ao seu collega, qual é a raz?o porque a sorte nos trata de um modo t?o differente? Vendemos as mesmas mercadorias, a minha loja está t?o bem situada como a tua, e apezar d'isso, emquanto tu ganhas, eu n?o fa?o sen?o perder. E n?o é porque eu seja estroina; n?o bebo, nem jogo. Já tenho pensado algumas vezes se n?o terás tu por acaso algum precioso talisman.?
?Effectivamente, respondeu o outro, herdei de meu pae um talisman de uma virtude incomparavel. Trago-o ao pesco?o, e ando assim com elle todo o dia por toda a casa, do celleiro para a adega, e da adega para o celleiro. E o caso é que tudo me corre perfeitamente.?
?Olé meu querido collega, empresta-me pelo amor de Deus essa reliquia preciosa de que tanto necessito; pódes ter a certeza de que t'a restituo.?
?Pois vem buscal-a ámanh? de manh?.?
Quando ao outro dia foi procurar o seu generoso concorrente, apresentou-lhe este uma avell?, através da qual tinha tinha passado um fio de seda.
O nosso homem pòl-a immediatamente ao pesco?o, e come?ou a correr toda a casa com o talisman. Observou ent?o a completa desordem que por toda a parte ali havia. Na adega faltava-lhe vinho, cerveja e azeite; na cozinha o p?o, a carne e os legumes; no celleiro, o milho, o trigo, o feij?o; na estribaria, o feno e a aveia, roubados das manjadouras dos cavallos; viu, finalmente, como os seus livros e registros estavam mal escripturados; viu tudo isto, e que era necessário dar-lhe remedio, comprehendendo que o dono da casa nunca póde ser substituido por terceira pessoa na direc??o dos seus negocios.
Passados alguns dias foi entregar ao dono o precioso talisman, agradecendo-lhe duplamente, em primeiro logar, o seu bom conselho, e em segundo logar, a maneira delicada porque lh'o tinha dado.
*A alma*
?Mam?, nem todas as crean?as que morrem v?o para o Paraizo. O outro dia vi levar para o cemiterio um menino que tinha morrido; o seu papá e as suas duas irm?sinhas acompanhavam o caix?o, e choravam tanto que me fazia pena. Iam a chorar porque aquelle menino tinha sido mau, n?o é verdade??
?N?o; naturalmente foi sempre bom, e a sua alma, emquanto choravam seus paes e suas irm?s, já estava vivendo feliz no Paraizo.?
?A alma? mam?; n?o sei o que é; n?o comprehendo bem.?
?Maria, acabas de me dizer que tiveste pena de ver chorar as duas pequerruchas.?
?Tive sim, mam?, tive muita pena.?
?Ora bem, o que é que no teu corpo estava desconsolado e triste? eram os bra?os??
?N?o, mam?.?
?Eram as orelhas??
?Oh! n?o mam?, era cá dentro.?
?Esse lá dentro, Maria, é a tua alma que se alegra ou se entristece, que te reprehende quando fazes o mal, e que está satisfeita quando praticas o bem.
*Alberto*
Alberto tinha seis annos. Era filho de um jardineiro. Via seu pae e seus irm?os, que eram activos e laboriosos, plantar arvores e fazer sementeiras, que nasciam, cresciam e davam fructo. Tinha visto um unico feij?o produzir cem feij?es e muitas vezes mais, e de uma talhada de batata nascerem quarenta batatas magnificas; sabia que a terra pagava com juros exorbitantes o que lhe emprestavam. Um dia achou uma libra no quarto do pae, e foi enterral-a immediatamente no seu jardimzinho. ?Ha de nascer uma arvore, dizia elle comsigo, que dará libras como uma cerejeira dá cerejas, e irei entregal-as ao papá, que ficará muito contente.? Todas as manh?s ia ver se a libra tinha nascido, mas n?o rebentava nada. Entretanto o pae procurava a libra por toda a parte. Por fim perguntou ao Albertinho se a tinha visto.
?Vi papá; achei-a e fui semeal-a.?
?Como, semeal-a? doido! julgas talvez que vae nascer como uma couve??
?Mas, papá, ouvi dizer que o oiro se encontrava na terra.?
?é verdade, mas n?o nasce como uma semente; o oiro n?o tem vida.?
Desenterrou-se a libra, e Alberto foi castigado por dispor do que lhe n?o pertencia.
Ha comtudo, meus filhos, uma maneira de semear o oiro, fazendo-lhe produzir os mais bellos fructos que existem no mundo. Quereis saber como é? é dando-o aos pobres. Faz-se no Paraizo a colheita d'essa sementeira.
*A can??o da cerejeira*
Disse Deus na primavera: ?Ponham a mesa ás lagartas!? E a cereijeira cobriu-se immediatamente de folhas, milh?es de folhas, fresquinhas e verdejantes.
A lagarta, que estava dormindo dentro de casa, acordou, espregui?ou-se, abriu a bocca, esfregou os olhos e poz-se a comer tranquillamente as folhinhas tenras, dizendo: ?N?o se póde a gente despegar d'ellas. Quem é que me arranjou este banquete??
Ent?o Deus disse de novo: ?Ponham a mesa ás abelhas!? E a cereijeira cobriu-se immediatamente de flores, milh?es

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