C.
O Rei novo he escolhido,
E elegido,
Ja alevanta a bandeira
Contra 
a Grifa parideira
Que taes pastos tem comido;
Porque haveis de 
notar,
E assentar,
Aprazendo ao Rei dos Ceos
Trará por ambas as 
Leis,
E nestes seis
Vereis couzas de espantar. 
CI. 
O nescio quer affirmar,
E declarar
Desde seis ate setenta
Que se 
emmenta,
Do Rei que irá livrar.
Louvemos este Barão
Do coração,
Porque he Rei de Direito;
Deos o fez todo perfeito
Dotado de 
perfeição. 
CII. 
Este Rei tem um Irmão,
Bom Capitão.
Não se sabe a irmandade?
Todo he nobre, em bondade;
E na verdade
Que sahirá com o 
pendão. 
CIII. 
Muitos estão desejando,
E altercando,
Se o meu dito será certo,
Se de longe, se de perto?
E sobre o tal praticando.
A quelle grão 
Patriarcha
No lo mostra, e está fallando,
E declara o grão Monarcha:
Ser das terras, e comarca,
Semente del Rei Fernando. 
CIV. 
Este Rei de grão primor,
Com furor,
Passará o mar salgado
Em 
um cavallo enfreado,
E não sellado,
Com gente de grão valor. 
CV. 
Este diz, soccorrerá,
E tirará,
Aos que estão em tristura.
Deste, 
conta a Escriptura,
Que o campo despejará,
Os Fidalgos estimados,
E desprezados,
Que ategora são corridos,
Com o tal serão 
erguidos,
E mui queridos,
E com os Reis estimados.
CVI. 
Se lerdes as Profecias
De Jeremias,
Irão dos cabos da terra
Tomar 
os Valles, e Serra,
Pondo guerra,
E tirar as heregias,
Derrubar as 
Monarchias,
E fantezias
Serão bem apontoadas,
Serão todas 
derrubadas,
Desconsoladas
Fóra da possentadorias. 
CVII. 
Ainda mas profetizando,
E declarando:
Seus pequenos das manadas,
Derrubar lhe hão as moradas
Bem entradas,
E assim o vai 
mostrando.
Ja o Leão vai bradando,
E desejando
Correr o porco 
selvagem,
E toma lo há na passagem
Assim o vai declarando. 
CVIII. 
Muitos podem responder,
E dizer:
Com que próva o çapateiro
Fazer isto verdadeiro,
Ou como isto pode ser?
Logo quero 
responder
Sem me deter.
Se lerdes as Profecias
De Daniel e 
Jeremias
Por Esdras o podeis ver. 
 
SONHO TERCEIRO. 
CIX. 
Oh! quem pudéra dizer,
Os sonhos que o homem sonha!
Mas eu hei 
grão vergonha
De mos não quererem crer. 
CX. 
Sonhava com grão prazer,
Que os mortos resuscitavão,
E todos se 
alevantavão,
E tornavão a renascer. 
CXI.
E que via aos que estão
Tras os rios escondidos;
Sonhava, que erão 
sahidos
Fóra daquella prizaõ. 
CXII. 
Vi ao Tribu de Daõ
Com os dentes arreganhados,
E muitos 
despedaçados
Da Serpente, e do Dragaõ. 
CXIII. 
E tambem vi a Rubem
Com graõ voz de muita gente,
O qual vinha 
mui contente
Cantando, Jerusalem. 
CXIV. 
Oh! quem vira ja Belem
E esse monte de Siaõ
E visse o Rio Jordão
Pera se lavar mui bem! 
CXV. 
Vi tambem a Simeão
Que cercaua, todas as partes
Com bandeiras, e 
estandartes
Nephtalim, e Zabulaõ. 
CXVI. 
Gad vinha por Capitão
Desta gente que vos fallo,
Todos vinhão a 
cavallo
Sem haver um só piaõ. 
CXVII. 
Eu por mais me affirmar,
E ver se estava acordado
Vi um velho mui 
honrado,
Que me vinha a perguntar. 
CXVIII. 
Dize me, tu es de Agar,
Ou como fallas Chananêo?
Ou es 
porventura Hebrêo
Dos que nos vimos buscar?
CXIX. 
Tudo o que me purguntais
(Respondi assim dormente)
Senhor, naõ 
sou dessa gente,
Nem conheço esses taes. 
CXX. 
Mas segundo os signaes
Vós sois do povo cerrado,
Que dizem estar 
ajuntado
Nessas partes Orientaes. 
CXXI. 
Muitos estaõ desejando
Serem os povos juntados:
Outros muitos 
avizados
O estaõ arreceando. 
CXXII. 
Arreceão vir no bando
Esse Gigante Golias
Mas por ver Henoch, e 
Elias
Doutra parte estaõ folgando. 
CXXIII. 
Dizeime, nobre Barão,
Pergunto, se sois contente
Dizer me vossa 
semente
Se he da casa de Abrahão? 
CXXIV. 
Que eu sam dessa geração
Sahi do Tribo de Levi,
Sacerdote como 
Heli,
O meu nome he Araõ. 
CXXV. 
Eu quizera lhe responder,
E tocar lhe em a Lei,
Senão nisto acordei,
E tomei grande prazer. 
CXXVI.
E depois de acordado
Fui a ver as Escripturas,
E achei muitas 
pinturas
E o sonho affigurado. 
CXXVII. 
Em Esdras o vi pintado,
E tambem vi Isaias,
Que nos mostra nestes 
dias
Sahir o povo cerrado. 
CXXVIII. 
O qual logo fui buscar
A Got, Magot, e Ezechiel,
As Domas de 
Daniel
Comecei de as olhar;
E achei no seu cantar
Segundo o que 
representa;
E assim Gad, como Agar,
Que tudo se ha de acabar
Dizendo: Cerra os setenta. 
RESPOSTA DO BANDARRA A ALGUMAS PERGUNTAS, QUE 
LHE FIZERÃO, E DA RESPOSTA DELLAS SE CONHECEM 
QUAES FORÃO. 
CXXIX. 
Os tempos que ja se vem
Porque, Senhor, perguntais,
Mui grande 
segredo tem,
Que muitos dizem Amen,
Mais se calão mais e mais. 
CXXX. 
O mais está por cumprir,
O que a minha conta somma:
Porque de 
partir a vir
O texto se hade cumprir
Primeiro, Senhor, em Roma. 
CXXXI. 
E nestes tresentos dias,
Senhor, que agora contamos
Se contém as 
Profecias
De Daniel, e Jeremias,
Nas quaes agora entramos. 
CXXXII. 
E depois de ellas entrarem
Tudo será ja sabido,
Aquelles que aos
seis chegarem,
Terão quanto desejarem,
E um só Deos será 
conhecido. 
CXXXIII. 
Com vosco fallo estas couzas,
Como com um grande letrado,
As 
umas são perigosas,
E as outras duvidosas
Ainda naõ hão 
começado. 
CXXXIV. 
Antes destas couzas serem
Desta era que dizemos,
Mui grandes 
couzas veremos,
Quaes naõ virão os que viverão,
Nem vimos, nem 
ouviremos. 
CXXXV. 
Sahira o prisioneiro
Da nova gente que vem,
Dessa Tribu ds Rubem,
Filho do Jacob primeiro
Com tudo o mais quo tem. 
CXXXVI. 
O mocho está assobiando,
Dizendo e chamando bois,
E com medo 
de depois,
Tudo se está arreceando. 
CXXXVII. 
Os dous bois estão berrando,
Pelo tirar da barroca,
Que naõ entre na 
sua toca
O Bufo, que esta bufando. 
CXXXVIII. 
Acho em as Profecias
Que a terra tremerá
E como abobada soará
Quando faz harmonias. 
CXXXIX.
Dizem, que nos ultimos dias,
Que aquestas couzas serão
A vinte e 
quatro acharão
Este dito de Isaias. 
CXL.    
    
		
	
	
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