Improvisos de Bocage

Manuel Maria de Barbosa du Bocage
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Project Gutenberg's Improvisos de Bocage, by Manuel Maria Barbosa
du Bocage
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Title: Improvisos de Bocage
Na Sua Mui Perigosa Enfermidade Dedicados a Seus Bons Amigos
Author: Manuel Maria Barbosa du Bocage
Release Date: October 20, 2007 [EBook #23109]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
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DE BOCAGE ***
Produced by Tiago Tejo
+IMPROVISOS+
DE
+BOCAGE,+
NA SUA MUI PERIGOSA ENFERMIDADE,
DEDICADOS
A SEUS BONS AMIGOS.

_Parve (nec invideo) sine me, Liber, ibis in Urbem:
(Hei mihi!) quò
Domino non licet ire tuo._
Ovid. Trist. Lib. I. Eleg. I.
LISBOA,
NA IMPRESSÃO REGIA.
Anno 1805.
_Por Ordem Superior._
+AOS AMIGOS.+
+SONETO I+
Terno Paz [1], bom Maneschi [2], Aurelio [3] caro,
Alvares
extremoso [4], Almeida humano [5],
Ferrão [6] prestante, valedor
Montano [7],
Moniz [8], que extráhes teu nome ao Tempo avaro:
Freire [9], Viana [10], Blancheville [11], ó raro,
Moral thesoiro, que
possúe Elmano;
Sócio de Flóra [12]; e tu de som Thebano
Ó Cysne
[13]! E tu, Cardoso, em letras claro [14]:
Monumento honrador da Humanidade,
(Se o Fado me sumir da Mórte
no Ermo)
Grata vos deixa cordial Saudade.
Ireis nos versos meus do Globo ao termo,
Por serdes, com benéfica
Piedade,
Nuncios, Nuncios de hum Deos ao Vate enfermo.
[1] Francisco José da Paz.
[2] João Pedro Maneschi.
[3] Marcos Aurelio Rodrigues.
[4] Antonio José Alvares.
[5] Joaquim Pereira de Almeida.

[6] Prior dos Anjos.
[7] José Ventura Montano.
[8] Nuno Alvares Pereira Moniz.
[9] Gregorio Freire Carneiro.
[10] Gonçalo José Rodrigues Vianna.
[11] Diogo José Blancheville.
[12] O Padre Mestre Fr. José Marianno da Conceição Veloso.
[13] João Vicente Pimentel Maldonado.
[14] O Desembargador do Porto Vicente José Ferreira Cardoso. Devo
tambem mencionar honrosamente o Doutor Manoel Joaquim de
Oliveira, Medico em Lisboa; o meu amigo Polycarpo, da Rua Nova da
Rainha; o Director do Correio Geral; e José Maria de Oliveira, Filho do
Administrador dos Seguros do mesmo Correio: todos para comigo
instrumentos da Providencia.
_Se estiver nos meus Fados a proxima extincção de meus dias,_
+EPITAFIO.+
De Elmano eis sobre o mármore sagrado
A Lyra, em que chorava, ou
ria Amores.
Ser delles, ser das Musas foi seu Fado:
Honrem-lhe a
Lyra Vates, e Amadores.
_Quod licet, inter vos nomen habete meum._
Ovidio.
+SONETO II.+
Se o Grande, o que nos Orbes diamantinos
Tem curvos a seus pés dos
Reis os Fados,
Novamente me dér ver amimados
De modésta

Ventura os meus Destinos;
Se acordarem na Lyra os sons Divinos,
Que dórmem (já da Gloria
não lembrados)
Ao Côro ethéreo, candidos, e alados,
Honrar com
Elle hum Deos ireis, meus hynos.
Mas, da humana Carreira inda no meio,
Se a débil flor vital sentir
murchada
Por Lei que envôlta na existencia veio;
Co'a mente pelos Ceos toda espraiada,
Direi, de Eternidade ufano, e
cheio:
«A Deos, ó Mundo! ó Natureza! ó Nada!»
+SONETO III.+
Pela voz do Trovão Corisco intenso
Clama, que á Natureza impéra
hum Ente,
Que cinge do áureo Dia o véo ridente,
Que véste d'atra
Noite o manto denso.
Pasmar na Immensidade he crer o Immenso:
Tudo em nós o requer, o
adora, o sente.
Próvão-te olhos, ouvidos, peito, e mente?
Numen!
Eu oiço, eu olho, eu sinto, eu penso.
Tua Idéa, ó Grão Ser, ó Ser Divino,
Me he vida, se me dão mortal
desmaio
Males que soffro, e males que imagino.
Nunca Impiedade em mim fez bruto ensaio:
Sempre (até das Paixões
no desatino)
Tua Clemencia amei, temi teu Raio.
+SONETO IV.+
Caro a Fébo, a Filinto, a Lysia, á Fama,
Na Lácia Fonte, e Argiva
immerso Alfeno [15],
Pelas Deosas Irmãas fadado Ismeno [16],
Em
que he Numen Razão, Verdade he flamma:
Canóro Melibêo [17], por quem derrama
Invéja, e Glória o néctar, e o
veneno;
Filósofo Cantor, meu doce Oleno [18],
Doce ao Sócio

infeliz, que em ais te chama!
Elmiro [19], que de Sóphia o grão Thesoiro
Revolves, possessôr, com
mão suprema;
E outros, que o Téjo honrais, o Vouga, o Doiro [20];
Dai-me que o Léthes sorvedor não tema:
Por vós comprado ao
Tempo em versos de oiro,
Cysne talvez que sôe á hora extrema.
[15] O Bacharel Domingos Maximiano Torres.
[16] João Vicente Pimentel Maldonado.
[17] Miguel Antonio de Barros.
[18] Nuno Alvares Pereira Moniz.
[19] José Agostinho de Macedo.
[20] Hum dos que honrão o Doiro he Bento Henriques Soares, amigo
do chorado João Baptista Junior (Author da nova Castro) amigo, como
eu, daquelle, cuja memoria deve saudosamente viver em quanto o
Engenho, e a Moral forem dotes de preço. O glorioso ao Vouga he
Francisco Joaquim Ringre, que pelo sabor da Antiguidade, que ha nas
suas Poesias, e pelo estro que as levanta, merece esta nota.
+SONETO V.+
Desejo illuso, e vão! Para que traças
Quadro, que imagens divinaes
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