Santa Cruz, e 
durou a demanda por muito tempo.» Por ordem del-Rei D. Manoel 
começou, mas não proseguio, as Chronicas dos Reis, seus
predecessores, para cujo trabalho, e para cousas outras de _mór 
importancia foi homem por sua doutrina assás desperto e mui 
sufficiente_, conforme o reputa Rui de Pina. 
Vir non minus aetate, quam prudentia, ac rerum usu gravissimus he 
elle qualificado por Damião de Goes. Raro em sciencia e valor o 
denomina João Pinto Ribeiro; homem douto, Duarte Nunes do Leão. 
Publicou-se modernamente: 
_Chronica do muito alto, e muito esclarecido Principe D. Affonso 
Henriques, primeiro Rey de Portugal, composta por Duarte Galvão, 
Fidalgo da Casa Real, e Chronista Mór do Reino. Fielmente copiada do 
seu original, que se conserva no Archivo Real da Torre do Tombo. 
Offerecida á Magestade sempre Augusta del-Rey D. João V. nosso 
Senhor por Miguel Lopes Ferreyra. Lisboa Occidental, na Officina 
Ferreyriana M. DCC. XXVI._==fol. 
«Nesta Chronica, que Duarte Galvão diz, que fez de novo (são palavras 
de Damião de Goes) faltão muitas cousas, que não chegárão á sua 
noticia.» O Abbade Barboza traz o lugar citado, e com elle prova que 
Goes dissera, que Duarte Galvão a fizera de novo. Mas esta asserção, 
como se vê claramente, só pertence ao mesmo Galvão, a quem Goes a 
attribue. O qual porém nisto mesmo se enganou, visto que o referido 
Galvão no Prologo da sobredita Chronica, dirigido a el-Rei D. Manoel, 
assim lhe falla: «Pelo qual, Serenissimo Senhor, como quer que além 
da materia, me haja de ser trabalho e difficuldade ajuntar e supprir 
cousa de tantos tempos, desordenada e falecida, e para haver de 
_emendar escritos alhêos_, vejo que armo sobre mim juizos de 
muitos:» O que se ajusta melhor com o parecer de Barros, o qual 
escreve, que Duarte Galvão sómente lhe apurára a lingoagem antiga 
em que estava escrita.» 
«E quem quer que foi (prosegue o mesmo Barros) o compoedor della 
dará conta a Deos de macular a fama de tão illustres duas pessoas, 
como forão a Rainha Dona Tareja, e el-Rei D. Affonso Henriques, seu 
filho.» Acudio a isto com a merecida emenda o P. Fr. Antonio Brandão 
na terceira Parte da Monarchia Lusitana. André de Resende só diz que 
Duarte Galvão a escrevéra: porém Pedro de Mariz a declara
expressamente recopilada de outra antiquissima por mandado del Rei D. 
Manoel. No mesmo engano de Goes, cahio depois Gaspar Estaço, 
dizendo assim: 
«Como escreve Duarte Galvão na Chronica del Rei D. Affonso 
Henriques, que elle compôz por mandado del Rei D. Manoel, a quem a 
dedicou: da qual elle não foi autor, senão apurador do antigo lingoage, 
em que andava, como diz João de Barros. Espantame dizer Duarte 
Galvão (no principio desta Chronica) que elle a fez de novo, porque o 
Chronista Fernão Lopes, Escrivão da Puridade, que foi do Infante Santo 
D. Fernando, e Guarda mór da Torre do Tombo fez todas as Chronicas 
dos Reis té seu tempo como prova Damião de Goes.» Rui de Pina, 
André de Resende, Duarte Nunes do Leão, e muitos outros de grande 
autoridade o dão por Autor da sobredita Chronica==. 
Nos manuscriptos da Bibliotheca Nacional de Lisboa encontro oito 
copias desta Chronica. A marcada B--12--8 tem no final a data 1568. 
Bello exemplar é a B--4--2 (n.^o 376), escripta no seculo XVI. Da 
mesma epoca a B--4--4 (n.^o 378). Ha tres copias do seculo XVII; uma 
destas foi doada pelo bispo de Beja, D. fr. Manoel do Cenaculo. Do 
seculo XVIII possue a Bibliotheca duas copias. A copia n.^o 841 
offerece algumas notas e explicações do texto. 
Acho ainda um fragmento sob n.^o 8.169. Em todas estas copias acho 
os taes quatro capitulos riscados para a primeira edição. Parecem estes 
codices ter pertencido a particulares, não a institutos religiosos: não 
lhes vejo sellos ou ex-libris de conventos. A Chronica foi impressa em 
Lisboa em 1726, eliminados os celebres capitulos escandalosos. 
Antes d'isto a publicação da Monarquia Lusitana, pòde suppôr-se, 
tornára inutil a impressão ou publicação da chronica de Affonso 
Henriques por Duarte Galvão. Mas, talvez por causa dos taes capitulos 
continuaram a fazer-se copias; ainda, em pleno seculo XVIII, depois da 
impressão, se fizeram copias. Esta a razão de por todos os archivos se 
encontrarem copias manuscritas da chronica de Galvão. 
Os quatro capitulos foram publicados na Revista litteraria do Porto 
(1838, 2.^o vol. pag. 322). Ahi se fazem as observações seguintes.
Quatro capitulos ineditos da Chronica de D. Affonso Henriques por 
Duarte Galvão 
A Chronica de D. Affonso Henriques por Duarte Galvão, foi estampada 
pela 1.^a vez, em Lisboa no anno de 1726. 
«O original desta Chronica» diz Barboza, em sua Bibliotheca Lusitana, 
«se conserva no Archivo Real da Torre do Tombo, da qual extrahio 
uma copia fiel Miguel Lopes Ferreira, e a publicou em nossos tempos». 
A simples inspecção da mesma Chronica impressa denuncia    
    
		
	
	
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