homens abrio nos marmores, e esculpio nos bronzes. Desta tão 
grande, e tão heroica felicidade o unico, e Soberano Author é V. 
Magestade, pois com a altissima providencia, com que criou a 
Academia da Historia Portugueza intruduzio nova vida no corpo 
historico desta Monarchia, que jazia sepultado nas injuriosas cinzas do 
esquecimento. Erigio um Capitolio litterario para nelle se coroarem os 
Varões benemeritos da immortalidade. Abrio uma douta Officina para 
se lavrarem as Estatuas aos Heroes Portuguezes. Correo as cortinas ao 
veneravel Santuario das antiguidades Ecclisiasticas desta Coroa. 
Descobrio os thesouros da erudição Historica atégora fechados á 
perspicacia de muitos engenhos. Declarou formidavel guerra ao 
Imperio da ignorancia, e fez communicavel a todo o genero de pessoas 
o comercio das Letras. Toda esta gloria estava mysteriosamente 
reservada para o feliz reinado de V. Magestade, pois não lhe bastando 
para complemento da sua Real grandeza o suave dominio, que tem nos 
corações de seus vassallos, o quiz tambem dilatar aos entendimentos, 
como parte mais nobre, e superior de todo o homem. Animados com os 
generosos alentos, com que V. Magestade inspira, e protege as 
Sciencias, são innumeraveis os Escritores, que com judiciosa critica, e 
vastissima erudição tem publicado os partos de seus fecundos engenhos, 
não sendo inferior a estes a zeloza diligencia com que Miguel Lopes 
Ferreira se empenhou em obsequio deste Reino a mandar imprimir as 
Chronicas dos Reaes Predecessores de V. Magestade das quaes é esta a 
Terceira, sendo egualmente digno da attenção de V. Magestade o seu 
zelo com que pretende eternizar as glorias desta Monarchia, como 
benemerito da licença este livro pelo nome de seu author. V. Magestade 
ordenará o que for servido. Lisboa Occidental 20 de Março de 1727. 
Diogo Barbosa Machado. 
Que se possa imprimir, vistas as licenças do Santo Officio, e Ordinario,
e depois de impressa torne á meza para se conferir, e taxar, e dar 
licença que corra, sem a qual não correrá. Lisboa Occidental 5 de Junho 
de 1727. 
Marques P. Pereira. Galvão. Oliveira. Teixeira Bonicho 
 
Coronica do muito alto, e esclarecido Principe D. Affonso II, terceiro 
Rei de Portugal 
 
CAPITULO I 
Como o Ifante Dom Affonso foi alevantado por Rei e como foi cazado, 
e com quem, e que filhos legitimos houve 
El-Rei Dom Sancho de louvada memoria deste nome o primeiro, e dos 
Reis de Portugal o segundo, faleceo em Coimbra na era de N. Senhor 
de mil e duzentos e doze; (1212) o Principe Dom Affonso como 
primogenito, e herdeiro foi logo alevantado, e obedecido por Rei, em 
idade de vinte e cinco annos, havendo já quatro annos que era cazado 
com a Rainha Dona Orraca filha legitima del-Rei Dom Affonso deste 
nome e noveno de Castella, e neste tempo sendo Ifante, depois que sua 
idade o premitio, e em Reinando El-Rei Dom Sancho seu padre, foi 
com elle em muitas cousas notaveis, e grandes feitos darmas, que 
naquelles tempos concorreram, em que por seu corpo, e braço assi o fez 
sempre como bom, e esforçado Cavalleiro, que bem pareceo ser filho, e 
neto do pai de que descendia, e para claramente se ver que a Real Caza 
de Portugal dantigamente foi liada, e conjunta em sangue com todas as 
Cazas de todos os Reis, e Principes Christãos, é de saber, que El-Rei 
Dom Affonso noveno de Castella, sogro deste Rei Dom Affonso de 
Portugal foi cazado com a Rainha Dona Lianor filha del-Rei Dom 
Anrique Dinglaterra, e della houve dous filhos, e cinco filhas; todos 
legitimos, a saber, dous filhos o Ifante Dom Fernando primeiro, e 
herdeiro, que em idade de dezaseis annos sem ser cazado faleceo em 
vida de seu pai antes um pouco da batalha das Naves de Tolosa, e o 
Ifante Dom Anrique, que apoz elle depois de sua morte o soccedeo, e
sem leixar herdeiro, que o soccedesse faleceo mui moço, como atraz na 
Coronica del-Rei D. Sancho é declarado, e das cinco filhas que houve 
uma foi a Ifanta Dona Constança primeira Senhora do Moesteiro das 
Holgas de Burgos, que El-Rei seu padre novamente fundou, onde ella 
falleceo sem cazar, e as outras quatro filhas foram Rainhas, a saber, a 
Rainha Dona Branca, filha maior, que cazou com El-Rei Luis de França, 
filho del-Rei Felippe, o que disseram Augusto, e houveram herdeiro de 
França El-Rei São Luis, e outros filhos, e a segunda Rainha, foi Dona 
Lianor, que foi cazada com El-Rei Dom James, deste nome o primeiro 
Rei de Aragão, de que houve filho o Ifante D. Affonso, que faleceo 
moço, e não Reinou, e a terceira filha foi a Rainha Dona Biringela 
mulher del-Rei Dom Affonso de Lião de que houve filhos El-Rei Dom 
Fernando Rei de Castella, e de Lião, que dizem o Santo, e o que 
ganhou dos Mouros Cordova, e Sevilha, e muita parte Dandaluzia, e o 
Ifante    
    
		
	
	
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