Um meeting na parvonia

Not Available
A free download from www.dertz.in
The Project Gutenberg EBook of Um meeting na parvonia, by Anonymous
This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included with this eBook or online at www.gutenberg.org
Title: Um meeting na parvonia
poemeto escripto num canto
Author: Anonymous
Release Date: January 31, 2007 [EBook #20495]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
? START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK UM MEETING NA PARVONIA ***
Produced by Rita Farinha and the Online Distributed?Proofreading Team. The images for this file were generously made available by Biblioteca Nacional Digital?(http://bnd.bn.pt).
UM MEETING NA PARVONIA
UM MEETING NA PARVONIA
POEMETO ESCRIPTO N'UM CANTO
LISBOA?TYP.--LARGO DOS INGLEZINHOS, 27, 1.^o?1881
I
Oh! Musa sacripanta dos Vardascas,?Onzeneira, bulhenta, peralvilha,?Bachante de bordeis, deusa de tascas,?De Momo e da Discordia a v��sga filha,?Empresta-me o teu estro, p?e-me em lascas,?Regateira infernal, vil farroupilha,?A mente, e, qual fusil na pederneira,?Accende-m'a com chamma de fogueira.
II
Preciso de fatal inspira??o,?N?o bebida na fonte de Hypocrene,?Como o enfermo que em grave indigest?o?Carece vomitar, ou tomar s��ne.?Acode-me com o estro de febr?o,?Que delire em linguagem torpe, infrene.?Oh! Musa, qual Med��a ardendo em furias,?Incita-me ��s poeticas luxurias.
III
D��-me influxo mordaz, horripilante,?Como outr'ora abrasou um Aretino,?Esse fogo infernal, que teve o Dante,?Ou a gra?a sequer de Tolentino;?Mas tu, oh! Musa reles, e far?ante,?N?o me entruges o plectro de mofino;?Se me negas o dar-me engenho e arte,?Nem mais um decilitro hei de pagar-te.
IV
E seja o canto meu feroz, medonho,?Que similhe ao uivar do voraz lobo,?Ao crocitar dos corvos; enfadonho?Como o sorrir alvar de informe bobo,?Que a tratar o assumpto, que proponho,?Requer-se petulancia, e tal arroubo,?Que o leitor, deliquido n'um desmaio,?Me pare?a assombrado pelo raio:
V
--N'um domingo de mar?o, pela estrada?Que de Arroyos conduz �� Panasqueira,?V?o magotes de povo de ranchada?A provar o bom vinho, e a petisqueira?Do louro peixe frito e da salada,?Que na _Perna de Pau_ a taberneira?Lhes prepara; e com litros, comesanas,?De l�� voltam com grandes carraspanas.
VI
J�� burbulham as arvores, e as flores?Engrinaldam os prados de Flora;?As aves gorgeando os seus amores?Alternam o chiar da triste nora.?Correm montes e valles ca?adores?Co'as matilhas de c?es, mas em m�� hora,?Que as pintadas perdizes e coelhos?Levam ventos nas azas, nos artelhos.
VII
O dia estava brusco, e os pardaes?Chilreiam festejando o solsticio?Da vital primavera; nos curraes?Muge a vaca saudosa ao beneficio?Da pav��a; espirram os catharraes.?O povo �� convidado p'ra um comicio,?Onde avido concorre p'ra tratar?D'uma ideia, que ha muito _anda no ar_.
VIII
B?a gente de artistas, operarios,?Crestada pelas lavas do trabalho,?Vivendo das migalhas dos salarios?Que do fisco escaparam; rebotalho?Condemnado a subir asp'ros calvarios,?Que busca naipe ser no vil baralho,?D'onde querem tirar valetes, reis,?E trumphar co'o direito s�� das leis.
IX
V?o anchos, v?o alegres na esp'ran?a?D'um futuro feliz, que os seus tribunos?Lhes promettem de ha muito. Essa allian?a?Da justi?a e poder, fins opportunos?Que �� for?a popular lhes affian?a?O livral-os das unhas dos gatunos,?Que roubando a na??o se fazem nobres,?Vampiros a chupar o sangue aos pobres.
X
�� grande a multid?o ali trazida:?Alguns por curiosos se conduzem,?A outros a cobi?a mais convida,?Que muitos com promessas se reduzem;?E quantos com a mente prevenida?De utopias, que o animo seduzem,?Com a grata illus?o de vir a ser?Povo e rei de si mesmo no poder.
XI
Suspenso v��-se �� porta da taberna?Um ramo de loureiro; mais em baixo?Por symbolo pintaram-lhe uma perna?E um letreiro:--?Bom vinho do Cartaxo,?Peixe frito, e as iscas �� moderna?;?E de copo na m?o v�� se um borracho?Apontando p'ra a quinta, onde em devesas?L�� sob os parreiraes est?o as mezas.
XII
A gente �� porta embica n'um mont?o,?Inquieta formigando n'um bulicio,?Como em dia de roda ao Campe?o?Concorre por esp'rar o beneficio?D'uma sorte feliz, d'um alegr?o.?Assim acode ali, e no comicio?Apanha, triste sorte, muita chuva,?Muita parra, coitada, e pouca uva.
XIII
Escolhem d'entre a turda in-continente?Um quidam consid'rado dos mais doutos,?Que occupando o logar de presidente?Ao sentar-se salvou com tres arrotos;?E com voz mal toada, intermittente,?Vae fallando, e cuspindo perdigotos;?Assim impertigado estende a m?o:??Eu abro, meus senhores, a sess?o.?
XIV
E logo sobre um banco alevantado?Um homem vocifera, gesticula,?Os ministros ataca, e de zangado,?Em verrina, que mais descamba em chula,?Invectiva o imposto, e o tratado?Que aprov��ra das c?rtes a matula.?--Embora, oh! patria minha, luctes, arques;?N?o consintas vender Louren?o Marques!
XV
?S?o justas nossas queixas, continua?O fogoso orador: heis de soffrer?Um inepto governo, que pactua?Co'a deshonra, e que falta ao seu dever??Que batalhas campaes d�� pela rua?Acutilando o povo a seu prazer??Abaixo ministerio t?o funesto!?Assignae, cidad?os, este protesto.?
XVI
E logo se empoleira outro orador?Compondo o rosto alvar; e ancho de si?Exclama com prosapia:--?Salvador?Do rei, da patria, affirmo agora aqui,?Que s�� o meu partido bemfeitor?Vos trar�� f'licidade... Potosi?�� seu, e tem credito bastante?P'ra sair, d'esta crise, triumphante.?
XVII
?Sou regenerador, eu digo-o ufano;?O bem do povo �� sempre o nosso alvo;?Aborre?o o governo que �� tyranno.?Dos tributos, pranchadas sereis salvo;?Quem comigo votar n?o tema engano.??Mas n'isto berra alguem:--?Oh seu papalvo,?J�� todos conhecemos vossas manhas:?O povo n?o engole taes patranhas.?
XVIII
?�� falso!
Continue reading on your phone by scaning this QR Code

 / 7
Tip: The current page has been bookmarked automatically. If you wish to continue reading later, just open the Dertz Homepage, and click on the 'continue reading' link at the bottom of the page.