Relação do formidavel, e lastimoso terremoto succedido no Reino de Valença

Not Available
ߎ
Rela??o do formidavel, e lastimoso?by Anonymous

The Project Gutenberg EBook of Rela??o do formidavel, e lastimoso
terremoto succedido no Reino de Valen?a, by Anonymous This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included with this eBook or online at www.gutenberg.org
Title: Rela??o do formidavel, e lastimoso terremoto succedido no Reino de Valen?a No dia 23 de Mar?o deste presente anno de 1748 pelas 6. horas, e tres quartos da manh?
Author: Anonymous
Release Date: December 6, 2006 [EBook #20042]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
*** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK RELA?AO DO FORMIDAVEL ***

Produced by Rita Farinha and the Online Distributed Proofreading Team. The images for this file were generously made available by Biblioteca Nacional Digital (http://bnd.bn.pt).

Rela?a? do formidavel, e lastimoso Terremoto succedido no Reino de Valen?a
No dia 23 de Mar?o deste presente anno de 1748 pelas 6. horas, e tres quartos da manh?,
E dos horrorosos estragos, e lamentaveis ruinas, que tem padecido a Cidade de Valen?a, Capital daquelle Reino, e mais Lugares circumvisinhos, conforme as noticias communicadas até o dia 27 do mesmo mez ao Capita? General, Arcebispo, e Intendente, e as que successivamente va? chegando á Corte de Madrid, de donde se communicara? a esta de Lisboa.
LISBOA.
Na Officina de Francisco Luiz Ameno Impressor da Congrega?a? Cameraria da S. Igreja de Lisboa.
Anno M. DCC. XLVIII Com as licen?as necessarias.

Hum dos mais espantosos, e formidaveis instrumentos, de que a indigna?a? divina usa para castigar aos homens, sa? os terremotos. He este fatal Meteóro hum ingrato filho da terra, que devendo a esta a sua origem, e nascimento, tirannamente se lhe conspira, abrindo-a em horrorosas cavernas, e patenteando-lhe os seus profundos interiores: he hum tiranno, inseparavel companheiro da morte, que precipita nas dilatadas sepulturas, que abre, innumeraveis vidas: hum violentissimo instrumento, que iguala os montes à terra, e a terra ao Abysmo; e finalmente he huma invisivel furia, que fórma da terra bocas para tragar os viventes, e darlhes a sepultura primeiro que a morte. Diversas fora? as opinioens filosoficas sobre a gera?a? deste fatal Meteóro. Seneca no primeiro livro das suas questoens naturaes, Melezetrio, e Anaximenes com outros antigos Filosofos dissera? que os terremotos se originava?, quando nas concavidades da terra entrando alguma por?a? grande de ar, que se augmente, succede fecharse a caverna por onde entrou, e porque na? acha sahida, ficando violento, faz tremor. Thales Milesio, o qual affirmou, que a terra nadava nas aguas subterraneas, disse que o terremoto procedia das tempestades, que se originava? nas mesmas aguas. Democrito seguio diversa opinia?, porque affirmou, que o terremoto nascia da grande violencia, com que a agua pluvial se despenha para as concavidades da terra. Os Filosofos, que seguira? a opinia? de ser o mundo animado, ensinara? que este horroroso movimento na? era mais que a desigual pulsa?a? das arterias, e obtura?a? dos meatos vitaes da terra. Outros escrevera?, que nas entranhas da terra cahem peda?os disformes de montes por concavidades, talvez carcomidas das aguas, e que estes fazendo estremecer a superficie, sa? a causa do tremor. Outros se persuadira?, que a abundancia das exhala?oens, e humidos vapores, que se gera? na terra, quando sa? em tal abundancia, que parece já na? cabem, busca? desafogo; e ou arrebenta, ou treme, ou se move a terra para os lan?ar fóra do ventre. Outros finalmente seguira? diversas opinioens, que por brevidade omittimos; porèm os Filosofos modernos, que com melhores luzes tem penetrado os occultos segredos da natureza, explica? melhor a gera?a? deste Meteóro. Dizem que se origina do fogo subterraneo, o qual comunicandose por occultos caminhos a algumas cavernas cheyas de enxofre, salitre, carva?, e sal amoniaco as inflama, de que nasce promptissimamente hum fogo impetuoso, que converte em hum instante as materias salitrosas em vento; e como este na? possa soffrer priza? alguma, busca com violencia a porta, que a natureza lhe negou. Daqui nasce impellir com furia os fundam[~e]tos dos montes, e abrindo brechas pelas partes, que menos lhe resistem, vencer tudo o que se lhe oppoem, até conseguir a natural liberdade, de que se origina o tremor da terra, que em taes casos se sente com tanto perigo de muitos, e horror de todos. Evidentemente se prova esta opinia?, com o que se experimenta nas minas, que voa? pela violencia da polvora. Inflamase esta na occulta parte, que fabricou o Artifice no fundamento de huma torre, e appetecendo pela oppressa?, que padece mayor lugar, disbarata tudo o que encontra, e fazendo tremer a terra visinha, leva pelos ares os edificios, que lhe embara?ava? a liberdade. Toda esta violencia tem a polvora pelo salitre misturado com enxofre, e carva?, de que se compoem: logo achandose nas concavidades da terra estes, e outros materiaes mais poderosos, que duvida
Continue reading on your phone by scaning this QR Code

 / 7
Tip: The current page has been bookmarked automatically. If you wish to continue reading later, just open the Dertz Homepage, and click on the 'continue reading' link at the bottom of the page.