[~q] se tem pelo primeiro inventor 
dos Punçoens e Matrizes, aos quaes cõmunicou o seu projecto, com que 
ultimamente se publicaraõ tantos effeitos desta Arte, como o explicou 
Arnaldo Bergellano nestes Versos. 
Addidit huic operi lucem sumptumque laboris Faustus Germamus, 
munera fausta ferens. Et levi ligno sculpunt & grammata prima, Quae 
poterat variis quisque referre modis. Materiam bibulae supponunt indè 
papyri Aptam, quam libris littore Nilus alit. Insuper aptabant mitti quas 
sepia guttas Reddebat pressas sculpta tabella notas. Sed qui non poterat 
propria de classe character Tolli, nec variis usibus aptus erat, Illi 
succurrit Petrus cognomine Schoffer, Quo vix caelando promptior alter 
erat. Ille sagax animi praeclare toreumata finxit, Quae sanxit matris 
nomine posteritas. Et primus vocum fundebat in aere figuras, Innumeris 
cogi quae potuere modis. 
E mais adiante fallando nesta mesma sociedade neste distico: 
Illo primus erat tunc Guttembergus in albo, Alter erat Faustus, tertius 
Opilio. 
Principiaraõ estes Inventores a imprimir os primeiros Livros no anno de 
1450. como se acha escrito no Livro intitulado Trithemianarum 
Historiarum Breviarium: isto mesmo confirma Erasmo no prologo de 
hum Tito Livio, impresso em 2 Volumes no anno de 1519 em 
Moguncia, por Joaõ Schoffer, filho de Pedro Schoffer, e Neto de Joaõ 
Fust, no fim do qual se lê tambem hum Privilegio do Emperador 
Maximiliano, dado ao mesmo Joaõ Schoffer em consideraçaõ de seu 
avou Joaõ Faust ter inventado a Arte de imprimir. 
A Biblia, que estes mesmos primeiros inventores imprimiraõ, era tam
semelhante às manuscritas, que levando Joaõ Faust muitos Exemplares 
a Pariz, de que a mayor parte eraõ de pergaminho, ornados com 
grandes Letras, e Vinhetas de ouro feitas de maõ, como ainda muitos 
existem, os vendeo por Escritos de maõ por hum preço muy 
consideravel; porèm advertindo os [~q] os tinhaõ comprado, que os 
Exemplares eraõ muitos, o accusaraõ pelo crime de feitiçaria; e isto 
obrigou a Joaõ Fauste a retirarse para Moguncia; e naõ se achando 
ainda seguro, passou a Strasbourg, aonde assistio alg[~u] tempo, e alli 
ensinou esta Arte a Joaõ Metelin, ou Mentel, que foy o primeiro, que a 
exercitou em Strasbourg. 
Depois publicou por hum Edital o Parlamento de Pariz, que declarava 
livre de culpa a Joaõ Faust, reconhecendo a grande utilidade da 
admiravel Arte de imprimir. 
Tendo estes engenhosos Artifices impresso estas Biblias, e alguns mais 
Livros, se deviaõ separar, ou morrer, porque se naõ achaõ outros com 
os seus nomes; e assim se principiou a divulgar este invento pelos 
criados, e Officiaes destes primeiros Impressores. 
Joaõ de la Caille na sua Historia da Impressaõ, de quem tirey a mayor 
parte destas noticias, diz que Roma fora a primeira Cidade aonde se 
principiou a exercitar esta Arte no anno de 1467. sendo Pontifice Paulo 
II, e que o primeiro Livro, [~q] ahi imprimiraõ Conrado Suvenhein, e 
Arnoldo Parmarts, fora a Cidade de Deos de Santo Agostinho, e que 
por isto se ficara chamando a letra em que esta Obra foy impressa, com 
o mesmo nome do Santo; porèm eu entendo, que Joaõ de la Caille se 
engana, se he certo o que pessoas dignas de mayor credito me 
affirmaraõ, dizendome que na Livraria de huma das primeiras Casas 
deste Reyno se acha hum Livro impresso em Lisboa sem data, porèm 
em lugar della, se lê nelle, que fora impresso 8 annos depois de se 
inventar a Arte da Imprimissaõ; (saõ palavras do mesmo Livro) e como 
o mesmo de la Caille assenta, que os primeiros Livros se principiaraõ a 
imprimir no anno 1450. sendo certa a noticia da nossa primeira ediçaõ, 
tambem fica sem duvida, que já em Lisboa havia Impressaõ no anno 
1458. que saõ nove annos antes que esta Arte se exercitasse em Roma, 
como diz o mesmo de la Caille; mas sobre esta materia espero tratar
mais com extençaõ em outra Obra a [~q] mais propriamente pertence. 
Foy tal o progresso, [~q] em breve tempo fez esta utilissima Arte, que 
dentro do mesmo seculo de 400. se introduzio o seu uso nas Cidades 
mais principaes de Europa, e os que a exercitaraõ, tiveraõ tanta 
estimaçaõ, que mereceraõ occupar muitos lugares, e Officios pela sua 
capacidade, a qual parece que adquiriraõ pelo mesmo emprego em que 
se occupavaõ, tirando do seu trabalho o melhor lucro no estudo [~q] 
faziaõ, e pelas noticias com [~q] se instruiaõ. Sirva a todos de exemplo 
o celebre Aldo Manuntio, que floreceo no mesmo seculo de 400. e a 
quem devem os Professores da Lingua Latina a mayor luz para 
penetrarem os mysterios mais escuros, e o methodo mais efficaz de se 
aproveitarem das riquezas deste Thesouro da erudiçaõ. Os louvores 
desta Arte naõ cabem nem ainda em tantos volumes, quantos por ella se 
tem publicado, porque todas quantas ediçoens se fizerem pelos seculos 
futuros, todas seraõ novas provas da sua utilidade, porque ninguem 
negarà, que se a Arte    
    
		
	
	
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