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The Project Gutenberg EBook of Paródia ao primeiro canto dos 
Lusíadas de Camões por quatro estudantes de Évora em 1589, by 
Anonymous 
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Title: Paródia ao primeiro canto dos Lusíadas de Camões por quatro 
estudantes de Évora em 1589 
Author: Anonymous 
Release Date: December 20, 2006 [EBook #20149] 
Language: Portuguese 
Character set encoding: ISO-8859-1 
0. START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK PARÓDIA AO 
PRIMEIRO CANTO *** 
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Biblioteca Nacional Digital
(http://bnd.bn.pt). 
PARODIA AO PRIMEIRO CANTO DOS LUSIADAS DE 
CAMÕES POR QUATRO ESTUDANTES DE EVORA EM 1589. 
LISBOA.
NA TYPOGRAPHIA DE G. M. MARTINS.
Rua do 
Ferregial de Baixo, 22.
1880. 
As honras da parodia só ás obras do genio costumam conceder-se. A 
divina Iliada foi parodiada em um poema heroi-comico tão antigo, que 
geralmente se attribue ao proprio Homero; ainda que Suidas lhe dá por
auctor a Pigres, irmão da Rainha Artemisa. N'esse poema, intitulado a 
_Batrachomyomachia_, a terrivel lucta dos Gregos e Troianos é 
reproduzida no maravilhoso combate dos ratos e das rãs. Esta corôa 
burlesca ainda faltava ao rival de Homero, quando o poeta Scarron 
_primeiro_ marido da famigerada Marqueza de Maintenon, se lembrou 
de cantar: 
...... cet homme pieux,
Qui vint chargé de tous se Dieux
Et de 
Monsieur son père Anchise,
Beau vieillard à la barbe grise, etc. 
A grande obra do unico homem de genio que talvez tenha produzido a 
nossa terra, não podia isentar-se d'este fado inherente ás grandes 
celebridades. Eram apenas passados dezoito annos depois da 
publicação dos _Lusiadas_--ainda a reputação de Camões não estava 
consagrada pelos seculos, quando alguns homens engenhosos 
comprehenderam que aquella obra immortal era uma d'aquellas a que a 
parodia era devida. O resultado de seus trabalhos não é de certo para 
comparar com nenhuma das espirituosas producções que ficam 
mencionadas; mas ainda assim não é esta inteiramente destituida de 
merecimento. Francisco Soares Toscano, bem conhecido dos litteratos 
pelo seu _Parallelo de Principes_, escreveu uma interessante noticia 
sobre esta obra, em que nos conta o curioso modo por que ella foi 
composta. Quatro estudantes da Universidade d'Evora costumavam sair 
a passear, ás tardes, aos arrabaldes da cidade, levando comsígo os 
Lusiadas. Chegados a um verde ferrageal, sentavam-se a uma fresca 
sombra, e se abria a sessão parodiadora. Assim como a engelhada e 
disforme mascara de uma velha megéra cobre o rosto radiante de 
formosura de uma elegante _Coquette_, para mais fazer realçar seus 
encantos, quando deixe cair aquelle hediondo disfarce; assim o 
immortal poema devia ser desfigurado por aquelles travessos 
estudantes. Os Gamas, Castros e Albuquerques tinham de ceder seu 
logar aos Catigelas, Lunas e Barbanças, barões sem duvida tão 
assignalados nos combates de Baccho como ess'outros nos de Marte. 
Dois mezes durava aquella sessão extraordinaria; e já tão continuados 
passeios davam que fallar aos estudantes e tambem dariam que 
entender á Santa Inquisição d'Evora, se aquella sociedade secreta não
fosse composta, como de facto o era, de quatro theologos, e tão 
orthodoxos, que um d'elles veio a ser Inquisidor Geral. Mas por fim 
appareceu a mysteriosa obra dos quatro patuscos, como hoje lhe 
chamaria um academico, e não sei se já então lhe chamavam. A este 
modo de composição de sociedade e ás muitas emendas que depois 
soffreu dos curiosos, como adverte Toscano, se deve talvez a confusão 
do enredo d'este poema. Parece que seus collaboradores tinham 
principalmente em vista inverter ao _de-vinho_ cada verso que entrava 
em discussão, sem attender á coherencia do todo. É provavel que se 
propozessem a celebrar os mais famosos bebedores Evorenses, aos 
quaes alludissem, e talvez nomeassem por seus proprios nomes ou 
apellidos. Toscano, que os devia conhecer, assim o indica quando diz 
que tinha feito varias cotas a esta parodia para melhor se entender. Com 
effeito na est. XXX se faz menção de um _Pero Vaz_, que 
provavelmente é o mesmo christão-novo, bebado perdido, auctor do 
epigramma latino de que falla a noticia. Infelizmente para a historia da 
_Borracheologia Lusitana_, cotas e epigramma tudo se perdeu. 
Os collaboradores d'esta innocente profanação litteraria não são 
inteiramente desconhecidos. _Manoel do Valle de Moura_, natural de 
Arrayolos no Alemtejo, doutorou-se em Theologia na Universidade 
d'Evora, e chegou a ser Arcebispo d'esta diocese e Inquisidor geral. 
Contava vinte e cinco annos quando concorria para esta composição, e 
chegou a uma avançada idade. Além da obra _De Encantationibus et 
Ensalmis_, de que falla Toscano, e outras de não menor utilidade, 
Barboza o faz auctor de uma _Illustração á primeira Ode de Camões_.    
    
		
	
	
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