Panegyrico de Luiz de Camões

José Maria Latino Coelho
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de Luiz de Cam?es, by José Maria Latino Coelho

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Title: Panegyrico de Luiz de Cam?es
Author: José Maria Latino Coelho
Release Date: June 27, 2007 [EBook #21950]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
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PANEGYRICO
DE
LUIZ DE CAM?ES

PANEGYRICO
DE
LUIZ DE CAM?ES
LIDO NA SESS?O SOLEMNE
DA
ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS DE LISBOA
Em 9 de junho de 1880
PELO
SECRETARIO GERAL
J. M. LATINO COELHO
LISBOA TYPOGRAPHIA DA ACADEMIA 1880

Senhores.--Quando o viajante, ao cursar as ermas e dilatadas planicies, onde entre o Eufrates e o Tigre, em seculos remotos floreceram as grandes e conquistadoras monarchias asiaticas, collossos na amplitude e no poder, revoca á mente scismadora as magnificas memorias d'aquelles soberbissimos imperios, encontra em redor de si a aridez e a solid?o. Mas as ruinas monumentaes dos antigos e majestosos edificios nos logares hoje desertos, onde outr'ora pompearam as cidades babylonias e assyrias, lhe est?o ainda ensinando com a mudez eloquente das ruinas venerandas, a imagem da grandeza que passou.
Tudo é pequeno e transitorio n'este mundo, excepto a humanidade, a cadêa ininterrupta, por onde as successivas gera??es umas ás outras v?o transmittindo, accrescentado, o thesouro da commum civilisa??o.
Nascem, crescem, avigoram-se, florecem, decaem, e sepultam-se para sempre no tumulo da historia as na??es e os heroes, por mais procéras e giganteas, que o destino lhes talhasse a estatura e as propor??es.
Quando, após os esplendidos triumphos,--que em sua compara??o, bem poderam envergonhar de pequenas e obscuras as celebradas conquistas e expedi??es dos povos dominadores na antiguidade,--volvemos os olhos para o que fomos, e caimos na contempla??o do que de tanto poderio hoje nos resta, o espirito lastimado pela ingrata confronta??o se entristece e se lamenta, de que passasse t?o veloz a edade heroica de Portugal. Como ao viandante solitario nos plainos da Mesopotamia, parece-nos que sómente em volta se nos deparam saudosas e melancolicas as memorias do glorioso imperio portuguez.
Onde está Ceuta, em cujas muralhas o rei cavalleiroso e os seus esfor?ados paladinos, renovando com melhor fortuna e discri??o o antigo duello entre a christandade e o islamismo, hastearam seguramente o estandarte portuguez? Onde está Arzilla, e Tanger, e Azamor, e Mazag?o? Dentro d'aquelles muros, cujas pedras s?o ainda hoje insignes testemunhos do heroico valor de Portugal, res?a apenas o seu nome, envolto na penumbra da gloria e do terror. Onde está Malaca, em cujos padr?es ainda vivem as fa?anhas de Affonso de Albuquerque? Onde Cochim, onde Meliapor, onde Bombaim? Onde este vasto littoral, em cujas abras e enseadas as naus e os gale?es de Portugal, ao som das horrisonas bombardas dictavam a lei ás temerosas gentilidades? Onde está a India, que Portugal, a custo de fa?anhas inauditas, navaes e bellicosas, abriu ao tracto e ao commercio das na??es occidentaes? Onde está a India? Oh! n?o repitamos a lastimosa interroga??o, que nos pode ouvir, animada por um momento de redivivo e heroico patriotismo, aquella ossada gloriosa do immortal navegador, que hontem fomos depositar no grandioso monumento, consagrado aos nossos descobrimentos pelo rei emprehendedor. Onde est?o os archipelagos, a que nós demos nome e senhorio? Onde est?o esses mares procellosos e afastados, onde as quinas passeavam triumphantes, fazendo do Oriente mais remoto o feudo de Portugal? Aonde? aonde? Pisam extranhos mais felizes, n?o mais bravos, as terras que para a Europa soubemos conquistar. De todo o immenso imperio portuguez já n?o ha a circundar-nos mais do que melancolicas ruinas. Mas n'esta solid?o ainda ha para confortar-nos e engrandecer-nos uma voz eloquentissima, que resume nos seus magicos accentos a altivez e a gloria de Portugal.
Já n?o tendes, portuguezes, a India, nem Ormuz, nem Malaca, nem Ceyl?o. Nem ao menos vos deixaram como padr?o aquelle cabo Tormentorio, cujas borrascas temerosas vos n?o entibiaram, que n?o fosseis adiante ensinar á indolente christandade os caminhos tenebrosos do Oceano. N?o s?o vossos os dominios materiaes. Embora. N'aquelles mesmos territorios, onde agora florecem e dominam extrangeiros moradores, lá está sempre o vosso nome. é d'elles o que é da terra, mas é vosso unicamente o que se n?o pode aniquilar, porque é incorporeo e immortal. é d'elles a riqueza, o poder, o senhorio. Mas será sempre vossa a gloria. Partindo aventurosos e resolutos desde os ultimos confins da Europa occidental, cursastes os oceanos ainda virginaes, onde tomastes o ronco estridor das tempestades pelo hymno triumphal das esplendidas victorias. Abristes as portas do Oceano, e dissestes ás demais na??es da Europa: ?Despertae da somnolencia medieva, e entrae após os meus navegadores.? A velha christandade phantasiava
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