O poeta Chiado

Alberto Augusto de Almeida Pimentel
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Project Gutenberg's O poeta Chiado, by Alberto Augusto de Almeida Pimentel
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Title: O poeta Chiado
(Novas investiga??es sobre a sua vida e escriptos)
Author: Alberto Augusto de Almeida Pimentel
Release Date: September 4, 2007 [EBook #22509]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
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O POETA CHIADO
ALBERTO PIMENTEL
O POETA CHIADO
(Novas investiga??es sobre a sua vida e escriptos)
Reverendo frei Chiado?de Virtude grande imigo,?sente tua alma comtigo?e ver��s se estas desculpado?d'isto que agora te digo.
AFFONSO ALVARES.
LISBOA
Empreza da Historia de Portugal.
_Sociedade editora_
LIVRARIA MODERNA
_R. Augusta, 95_
TYPOGRAPHIA
_35, R. Ivens, 37_
1903
I
As rela??es de amizade entre os vivos e os mortos s?o menos quebradi?as e eph��meras do que as dos vivos uns com outros.
E a raz?o �� facil de explicar: quem vai, n?o volta.
Os mortos n?o falam, n?o intrigam, n?o atrai??am, n?o desmerecem, por isso, da estima e considera??o em que uma vez os tomamos.
Affei??a-se a gente a um escriptor, a um _maestro_, a um pintor ou a um estatu��rio, que morreu ha muitos annos ou ha longos seculos, e n?o deixamos apagar nunca a lampada do seu culto: colleccionamos-lhe as obras sem olhar a dinheiro, por mais raras que sejam; conservamol-as em grande venera??o como thesouros que um avarento aferrolha a sete chaves; e estamos sempre promptos a combater de ponto em branco pela gloria e belleza de suas produc??es, quando apparece algum zoilo a menosprezal-as com azedume.
E se nas rela??es com os vivos fazemos selec??o do caracter d'elles para estabelecer convivencia e amizade, pouco nos importa a condi??o e procedimento dos mortos quando os estimamos em suas crea??es artisticas ou literarias com intransigente fanatismo.
O meu fallecido amigo visconde de Alemquer, que era um _gentleman_ distinctissimo, primoroso em maneiras e ac??es, al��m de ser um bibli��philo digno de apre?o e consulta, tomou tanto gosto pelas obras do padre Jos�� Agostinho de Macedo, que passou a maior parte da existencia a colleccional-as por bom pre?o e a muito custo.
Comtudo, havia tanta disparidade entre o caracter de um e do outro, porque o auctor dos _Burros_ foi o mais atrabiliario, inconstante e perigoso homem de letras de todo o nosso Portugal, que o visconde de Alemquer, se houvesse sido contemporaneo do padre Jos�� Agostinho, nunca teria podido ser seu amigo, nem seu defensor, nem j��mais o quereria v��r em intimidade de portas a dentro.
Pela minha parte, tambem sou obrigado a confessar um similhante fraco, n?o pelo mesmo padre, mas por outro que, sob o ponto de vista da disciplina monastica e da dignidade sacerdotal, n?o valia mais. Refiro-me ao franciscano Antonio Ribeiro o Chiado, que tambem despiu o habito e foi tunante irrequieto, sendo egualmente homem de letras.
At�� 1889, anno em que logrei dar a lume as suas obras, quasi perdidas, e geralmente desconhecidas[1], custou-me o Chiado bom trabalho e canceiras para resuscital-o aos olhos do grande publico em toda a sua individualidade literaria.
[1] _Obras do poeta Chiado_, colligidas, annotadas e prefaciadas por Alberto Pimentel. Na officina typographica da Empreza Literaria de Lisboa, cal?ada de S. Francisco, 1 a 7.
D'ent?o para c�� n?o deixei de pensar n'elle a investigar-lhe a biographia, que �� das mais obscuras e complicadas, e a procurar aquellas de suas obras que at�� 1889 n?o consegui haver �� m?o por mais que as desejasse e buscasse.
Alguma coisa achei n'este lapso de onze annos. N?o �� tudo ainda. Mas n?o perdi o tempo, nem parei, porque me repugna a inercia, e porque, verdade-verdade, tomei gosto ao Chiado, que n?o foi um vulto preeminente nas letras, mas que tem relevo como bohemio e dizedor, como trovista alegre e zombeteiro, far?ante popularissimo, que a pra?a publica applaudia e que os escriptores mais notaveis n?o desconsideravam.
Outros meus contemporaneos teem consagrado todo o seu tempo ao Chiado rua, e talvez esses se riam de mim, que prezo mais o literato do que o _Regent Street_ alfacinha.
Todavia, cumpre advertil-os de que a rua lembra o escriptor, e de que foi elle, como julgo poder demonstrar agora, que deu nome �� rua.
Eu j�� em 1889 pendia para esta opini?o, comquanto, n'essa epocha, s�� houvesse encontrado vestigios de que a rua tinha aquella denomina??o no seculo XVIII.
Depois d'isso, alguem lembrou que j�� era assim chamada na primeira metade do seculo XVII (1634) como se reconheceu por um documento digno de f��[2].
[2] _Elementos para a historia do municipio de Lisboa_, tomo IV, pag. 41. Ahi se v�� que o conde de Atouguia morava ?ao Chiado?.
E eu proprio li, posteriormente, uma referencia mais antiga, porque �� relativa �� primeira d��cada
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