O Mysterio da Estrada de Cintra

Ramalho Ortigão

O Mysterio da Estrada de Cintra, by

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Title: O Mysterio da Estrada de Cintra Cartas ao Di��rio de Noticias, terceira edi??o
Author: Jos�� Maria E?a de Queiroz Ramalho Ortig?o
Release Date: February 12, 2007 [EBook #20574]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
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O Mysterio da Estrada de Cintra
COLLEC??O ANTONIO MARIA PEREIRA
E?A DE QUEIROZ E RAMALHO ORTIG?O

O Mysterio da Estrada de Cintra
Cartas ao Diario de Noticias
Terceira Edi??o emendada e precedida d'um Prefacio
LISBOA
Livraria de Antonio Maria Pereira, Editor 50--RUA AUGUSTA--54
MDCCCXCIV
LISBOA TYPOGRAPHIA E STEREOTYPIA MODERNA 11--Apostolos--1.^o

+PREFACIO DA 2^a EDI??O+
CARTA AO EDITOR D'O Mysterio da Estrada de Cintra
Ha quatorze annos, n'uma noite de ver?o no Passeio Publico, em frente de duas chavenas de caf��, penetrados pela tristeza da grande cidade que em torno de n��s cabeceava de somno ao som de um solu?ante pot-pourri dos Dois Foscaris, deliber��mos reagir sobre n��s mesmos e acordar tudo aquilo a berros, n'um romance tremendo, businado �� baixa das alturas do Diario de Noticias.
Para esse fim, sem plano, sem methodo, sem escola, sem documentos, sem estylo, recolhidos �� simples ?torre de crystal da Imagina??o?, desfech��mos a improvisar este livro, um em Leiria, outro em Lisboa, cada um de n��s com com uma resma de papel, a sua alegria e a sua audacia.
Parece que Lisboa effectivamente despertou, pella sympathia ou pela curiosidade, pois que tendo lido na larga tiragem do Diario de Noticias o Mysterio da Estrada de Cintra, o comprou ainda n'uma edi??o em livro; e hoje manda-nos V. as provas de uma terceira edi??o, perguntando-nos o que pensamos da obra escripta n'esses velhos tempos, que recordamos com saudade...
Havia j�� ent?o terminado o feliz reinado do senhor D. Jo?o VI. Fallecera o sympathico Gar??o, Tolentino o jocundo, e o sempre chorado Quita. Al��m do Passeio Publico, j�� n'essa epoca evacuado como o resto do paiz pelas tropas de Junot, encarregava-se tambem de fallar ��s imagina??es o sr. Octave Feuillet. O nome de Flaubert n?o era familiar aos folhetinistas. Ponson du Terrail trovejava no Sinai dos pequenos jornaes e das bibliothecas economicas. O sr. Jules Claretie publicava um livro intitulado... (ninguem hoje se lembra do titulo) do qual diziam commovidamente os criticos:--Eis ahi uma obra que ha de ficar!... N��s, emfim, eramos novos.
O que pensamos hoje do romance que escrevemos ha quatorze annos?... Pensamos simplesmente--louvores a Deus!--que elle �� execravel; e nenhum de n��s, quer como romancista, quer como critico, deseja, nem ao seu peor inimigo, um livro egual. Porque n'elle ha um pouco de tudo quanto um romancista lhe n?o deveria p?r e quasi tudo quanto um critico lhe deveria tirar.
Poupemol-o--para o n?o aggravar fazendo-o em tres volumes--�� enumera??o de todas as suas deformidades! Corramos um veu discreto sobre os seus mascarados de diversas alturas, sobre os seus medicos mysteriosos, sobre os seus louros capit?es inglezes, sobre as suas condessas fataes, sobre os seus tigres, sobre os seus elephantes, sobre os seus hiates em que se arvoram, como pavilh?es do ideal, len?os brancos de cambraia e renda, sobre os seus sinistros copos d'opio, sobre os seus cadaveres elegantes, sobre as suas toilettes romanticas, sobre os seus cavallos esporeados por cavalleiros de capas alvadias desapparecendo envoltos no p�� das phantasticas aventuras pella Porcalhota f��ra!...
Todas estas cousas, ali��s sympathicas, commoventes por vezes, sempre sinceras, desgostam todavia velhos escriptores, que ha muito desviaram os seus olhos das perspectivas enevoadas da sentimentalidade, para estudarem pacientemente e humildemente as claras realidades da sua rua.
Como permittimos pois que se republique um livro que sendo todo d'imagina??o, scismando e n?o observado, desmente toda a campanha que temos feito pella arte de analyse e de certeza objectiva?
Consentimol-o porque entendemos que nenhum trabalhador deve parecer envergonhar-se do ser trabalho.
Conta-se que Murat, sendo rei de Napoles, mandara pendurar na sala do throno o seu antigo chicote de postilh?o, e muitas vezes, apontando para o sceptro mostrava depois o a?oite, gostando de repetir: Comecei por ali. Esta gloriosa historia confirma o nosso parecer, sem com isto querermos dizer que ella se applique ��s nossa pessoas. Como throno temos ainda a mesma velha cadeira em que escreviamos ha quinze annos; n?o temos docel que nos cubra; e as nossas cabe?as, que embranquecem, n?o se cingem por emquanto de cor?a alguma, nem de louros, nem de Napoles.
Para nossa modesta satisfa??o basta-nos n?o ter cessado de trabalhar um s�� dia desde aquelle em que dat��mos este livro at�� o instante em que elle
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