Lagrimas Abençoadas

Camilo Castelo Branco
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Lagrimas Aben?oadas, by Camilo Castelo Branco

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Title: Lagrimas Aben?oadas
Author: Camilo Castelo Branco
Release Date: October 12, 2007 [EBook #22977]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
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Nota do transcritor:
Foram corrigidos diversos erros tipográficos menores, sem que seja feita qualquer men??o desse facto. As marcas [NT] identificam as notas explicativas das altera??es importantes ao texto original.
OBRAS
DE
CAMILLO CASTELLO BRANCO
EDI??O POPULAR
LI
LAGRIMAS ABEN?OADAS
VOLUMES PUBLICADOS
N.^o 1--Coisas espantosas.
N.^o 2--As tres irmans.
N.^o 3--A engeitada.
N.^o 4--Doze casamentos felizes.
N.^o 5--O esqueleto.
N.^o 6--O bem e o mal.
N.^o 7--O senhor do Pa?o de Nin?es.
N.^o 8--Anathema.
N.^o 9--A mulher fatal.
N.^o 10--Cavar em ruinas.
N.^os 11 e 12--Correspondencia epistolar
N.^o 13--Divindade de Jesus
N.^o 14--A doida do Candal.
N.^o 15--Duas horas de leitura.
N.^o 16--Fanny.
N.^os 17,18 e 19--Novellas do Minho.
N.^os 20 e 21--Horas de paz.
N.^o 22--Agulha em palheiro.
N.^o 23--O olho de vidro.
N.^o 24--Annos de prosa.
N.^o 25--Os brilhantes do brasileiro.
N.^o 26--A bruxa do Monte-Cordova.
N.^o 27--Carlota Angela.
N.^o 28--Quatro horas innocentes.
N.^o 29--As virtudes antigas--Um poeta portuguez... rico!
N.^o 30--A filha do Doutor Negro.
N.^o 31--Estrellas propicias.
N.^o 32--A filha do regicida.
N.^os 33 e 34--O demonio do ouro.
N.^o 35--O regicida.
N.^o 36--A filha do arcediago.
N.^o 37--A neta do arcediago.
N.^o 38--Delictos da Mocidade.
N.^o 39--Onde está a felicidade?
N.^o 40--Um homem de brios.
N.^o 41--Memorias de Guilherme do Amaral.
N.^os 42, 43 e 44--Mysterios de Lisboa.
N.^os 45 e 46--Livro negro de padre Diniz.
N.^os 47 e 48--O judeu.
N.^o 49--Duas épocas da vida.
N.^o 50--Estrellas funestas.
N.^o 51--Lagrimas aben?oadas.

CAMILLO CASTELLO BRANCO
LAGRIMAS ABEN?OADAS
ROMANCE
QUARTA EDI??O
1906
Parceria Antonio Maria Pereira
Livraria editora e Oficinas Typographica e de Encaderna??o
Movidas a electricidade
Rua Augusta--44 a 54
LISBOA
1906
OFFICINAS TYPOGRAPHICA E DE ENCADERNA??O
Movidas a electricidade
Da Parceria Antonio Maria Pereira
Rua Augusta, 44, 46 e 48, 1.^o andar
LISBOA

A QUEM LER
QUE FELICIDADE é POSSIVEL SOBRE A TERRA: tal é o pensamento d'este romance.
QUE FELICIDADE, CONFESSADA PELA CONSCIENCIA, é A UNICA VERDADEIRA: quizera eu poder provar, assim como posso sentir.
QUE A FELICIDADE VEM A PRE?O DE LAGRIMAS, COMO A CONSOLA??O DO SALVAMENTO A PRE?O DAS AGONIAS DO NAUFRAGIO: é um paradoxo, talvez, para os que n?o conhecem a verdadeira felicidade, nem choraram as lagrimas aben?oadas da resigna??o.
Este romance é religioso na essencia. Escreve-se ahi muitas vezes a palavra DEUS. Evitam-se as imagens do deleite, o pasto de ociosos, gastos do cora??o, e fallidos da alma. Os que buscam no romance qualquer cousa que n?o sirva de nada para o espirito, n?o leiam este.
Eu espero achar entendimentos que m'o recebam, e cora??es que m'o agrade?am.
Vereis ahi uma mulher, que n?o é uma chimera. Imaginei-a, primeiro, e encontrei-a fóra da imagina??o, depois.
Maria, linda creatura da terra, é a rainha de dois diademas: um no céo: os anjos, seus irm?os, tecem-lh'o das flores, que ella rega no mundo com as suas lagrimas. Outro na terra: é a soberania da virtude, respeitada, embora n?o compreendida, pelos homens que lhe acurvam o joelho.
Eu sou um d'estes.
E o meu romance é uma palavra d'esse cantico de louvor, que o espirito n?o póde revelar aos que, no seu caminho, n?o parariam a compreender-lh'o.
Meditemos este assumpto.
Ha ahi n'esse mundo material uma decidida nega??o para acompanhar o espirito nas suas eleva??es. Eu sei-o.
Um ou outro homem encosta a face á m?o, abra?a os horisontes com uma vista scismadora, afina a harpa da sua alma pela toada sonorosa dos pinhaes; comp?e das notas lugubres da tempestade a harmonia tetrica, e desfigura-se, e poetisa, e parece n?o querer nada de commum com a fraca natureza humana. é o sentimental.
O sentimentalismo, sem a religi?o, é uma mentira.
O que ahi vae de phantastico e espiritualista nos affectos, é uma exigencia da epoca, é um encargo que a mocidade se impoz, é a precis?o de variar. Diga-se tudo: é a moda.
N?o porque a vida seja feliz, e a natureza do homem precise inventar amarguras, para que a felicidade o n?o enjoe;
N?o porque o espirito, extenuado em sensualidades procure, no ideal, respirar o elemento de vida, que lhe é proprio;
é porque as felicidades, saboreadas n'estes tempos n?o deixam no cora??o motivo para um hymno. O homem, que n?o póde apagar na mente a faisca do genio, que lhe desceu ao ber?o, ou mata a inspira??o na orgia, ou abysma-se com ella, por feretros e ossadas até materialisa'-la nas fórmas repugnantes de uma dor monstruosa.
E, se assim n?o fizer, o seu alaúde n?o tem sons, e o genio fallece-lhe de impotencia. Mas o poeta quer este titulo; cantor quer a grinalda das flores em troca da cor?a de espinhos; é preciso cantar.
Se lhe pedisseis, em vez de horrores, uma poesia banhada de luz celeste, em que os mil reflexos de cima fossem
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