Chronica de el-rei D. Pedro I

Fernão Lopes
Chronica de el-rei D. Pedro I

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Title: Chronica de el-rei D. Pedro I
Author: Fernão Lopes
Release Date: September 3, 2005 [EBook #16633]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
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CHRONICA DE EL-REI D. PEDRO I ***

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BIBLIOTHECA DE CLASSICOS PORTUGUEZES
* * * * *
Director litterario

LUCIANO CORDEIRO * * * * *
Proprietario e fundador
_MELLO D'AZEVEDO_

BIBLIOTHECA DE CLASSICOS PORTUGUEZES
*Director litterario--LUCIANO CORDEIRO*
_Proprietario e fundador--MELLO D'AZEVEDO_
* * * * *
CHRONICA DE EL-REI D. PEDRO I
POR
_Fernão Lopes_
ESCRIPTORIO
_147, Rua dos Retrozeiros, 147_
LISBOA
1895

LISBOA
Impresso na Typ. do «Commercio de Portugal» _35, Rua Ivens, 41_
1895

*DUAS PALAVRAS*

Realisando corajosamente a boa, a piedosa idea de republicar as
chronicas impressas do--Pae da Historia Nacional,--como Herculano
apellidou Fernão Lopes, Mello d'Azevedo, o editor d'esta modesta e
patriotica bibliotheca podera, hoje, ainda! suprir qualquer explicação
prefacial com as palavras do nosso grande historiador moderno, quando
ha mais de meio seculo tracejava o perfil do
encantador--«escripvam»--do bom Rei Dom Duarte:
--«Tão raros, ou tão pouco lidos andam os antigos escriptores
portuguezes que muitas pessoas ha, não de todo hospedes nas letras,
que apenas de nome os conheçam, e frequentes vezes nem de nome.»
Hoje, ainda!...
Fernão Lopes é quasi exclusivamente conhecido de nome, e já agora
arejemos toda a nossa idea, mais exactamente toda a nossa observação
positiva e directa: nem de nome o conhece muito litterato
gloriosamente emproado pelas novas camarilhas do elogio mutuo na
fama e na faina da renovação da Historia e da Arte nacional... por
estampilha francelha.
Uma das causas da mingua, a bem dizer, absoluta, de vulgarisação dos
nossos antigos escriptores, dos nossos melhores monumentos litterarios,
da nossa historia, até, indicamol-a já n'outra publicação d'esta
bibliotheca: é o espirito estreitamente, inconsequentemente
monopolista dos eruditos ou dos que se querem dar ares de taes; é a
superstição das reproducções mais ou menos arbitrariamente chamadas
fieis, conservadoras de uma ortographia, de uma disposição
typographica até, obsoleta, indigesta, inacessivel á leitura corrente, á
assimilação immediata, actual, affectiva da multidão.
Em volta d'esta causa ou concorrendo e emparelhando com ella, muitas
outras se teem accumulado e subsistem, por tal maneira renitentes e
acrescentadas, que póde affirmar-se, como facto incontestavel, que as
palavras doridas de Herculano teem hoje, mais do que quando elle as
escreveu,--ha 56 annos!--uma applicação perfeitamente exacta e justa.
Conhecia-se mais, muito mais, então, Fernão Lopes, ou qualquer outro

dos nossos antigos escriptores, do que hoje se conhecem e leem. Basta
citar ou vêr o trabalho litterario d'esse tempo, comparando-o com o do
nosso.
Quando eu, e certamente muitos dos leitores, iniciámos a nossa vida
intellectual, lia-se, estudava-se, explicava-se o Camões nas escolas.
Naturalmente, insensivelmente iam penetrando nos nossos corações e
nos nossos cerebros em formação as ideas e os sentimentos de honra,
de intrepidez, de amor da Patria, com tantas outras lições generosas,
estimulantes, grandes, que as bellas estrophes transvasam nos espiritos
sãos e frescos. Lia-se tambem o Freire d'Andrade, um massador de
grandes discursos e de grandes bombardadas rhetoricas, d'accordo, mas
que nos encantava, que nos ensinava muitas cousas interessantes, que
nos enlevava, que nos fazia pensar em grandes cousas: nas terriveis
batalhas da vida, nos sacrificios e nos esforços valentes com que ellas
se vencem.
Um dia, era eu ainda um rapaselho, apanhei entre os velhos livros de
meu pae:--que sabia de cór o Virgilio, o Camões, e que me
recomendava o Tito Livio, o João de Barros, etc,--apanhei, pois, um
volume, que nunca mais vi, e que era uma edição em 8.° da Chronica
de Dom Pedro por Fernão Lopes, exactamente a que vamos lêr agora.
Devia ser a edição do Padre Pereira Bayão, do seculo 18.°, inferior á
chamada da Academia sobre a qual é feita a nossa.
Como eu li sofregamente, deliciosamente, o velho livro!
Como me soube bem aquella prosa simples, ampla,
forte--permittam-me a expressão;--aquelle contar ingenuo, vivo, e ao
mesmo tempo tão magestoso pela sincera e nobre lealdade do
chronista--que não era um adulador Real, nem um fingidor litterario!
Chronista! Historiador é que póde francamente chamar-se-lhe.
Foi a primeira revelação que tive de Fernão Lopes e só desejo que tão
agradavel seja a dos que pela primeira vez travarem agora
conhecimento com elle.

Poderia dizer que a vão travar simultaneamente com outros escriptores,
de
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