As Farpas: Chronica Mensal da Politica, das Letras e dos Costumes

Ramalho Ortigão
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As Farpas: Chronica Mensal da Politica, das Letras e dos Costumes

The Project Gutenberg EBook of As Farpas: Chronica Mensal da Politica, das
Letras e dos Costumes, by Ramalho Ortig?o and E?a de Queiroz This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included with this eBook or online at www.gutenberg.net
Title: As Farpas: Chronica Mensal da Politica, das Letras e dos Costumes Maio a Junho de 1877
Author: Ramalho Ortig?o and E?a de Queiroz
Release Date: July 6, 2005 [EBook #16219]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
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[Illustration: E?A DE QUEIROZ--RAMALHO ORTIG?O--AS FARPAS]
RAMALHO ORTIG?O--E?A DE QUEIROZ
AS FARPAS
CHRONICA MENSAL DA POLITICA, DAS LETRAS E DOS COSTUMES
NOVA SERIE TOMO IX
Maio a Junho 1877

Ironia, verdadeira liberdade! és tu que me livras da ambi??o do poder, da escravid?o dos partidos, da venera??o da rotina, do pedantismo das sciencias, da admira??o das grandes personagens, das mystifica??es da politica, do fanatismo dos reformadores, da supersti??o d'este grande universo, e da adora??o de mim mesmo.
P.J. PROUDHON

SUMMARIO
A burra do Estado. Porque motivo o ministerio Fontes se deitou abaixo d'essa burra, e do mais que ent?o passou. A queda do dente. Elogio do dente pelo sr. Assump??o. O dente embrulhado n'um papel. O dente aos pés do throno. O dente demittido. Pede-se um dente novo.--O drama _Leonor de Bragan?a_ e a caixa do Poder Moderador. Parallelo da pe?a do sr. Luiz de Campos e da do sr. Alfredo Ansúr. Os caracteres em cada uma das duas pe?as, a lingoagem, o stylo, a cortezania, a inten??o moral. Conclus?es do referido estudo: requisita-se para o sr. Ansúr a commenda do lagarto ou metade da caixa conferida pelo Poder ao sr. Campos.--As corridas de cavallos--O premio do Jockey-Club e o premio da Academia--O progresso em Lisboa durante o ultimo semestre. A sociedade affirma o seu movimento ascendente na civilisa??o por meio de dois novos estancos e de uma ourivesaria. Philosophia de uma vitrine de joias--A peregrina??o a Roma. Os preparativos. A partida. A prescrip??o da toilette. A chegada a Lourdes. Aspecto pittoresco e elegante do milagre: o restaurant, o trem de Paris, as parties fines sobre a relva, o Champagne e as bilhinhas da agoa. Em Roma. As offerendas. O dinheiro de S. Pedro. A applica??o d'esta receita. O album dos peregrinos e o que n'elle se contém. A nossa allocu??o. O primeiro e o ultimo jubileu. Pio IX e Bonifacio VIII. A antiga fé. Os peregrinos em 1300. A fé actual e os peregrinos d'hoje. O conflicto da sciencia e da fé. O Deus de Darwin. Os novos poderes espirituaes. De como ninguem quer o ceu do Padre Marnoco--A primeira communh?o de sua alteza o principe--A civilisa??o africana e as conferencias academicas. Uma conferencia que se n?o faz: Da influencia do ?sport? no caracter dos povos exploradores.
* * * * *
Era em uma bella manh? do mez de mar?o. A primavera, essa filha do amor e da brisa--como diria o sr. Antonio de Serpa se as conveniencias partidarias lhe permittissem ainda dedilhar a theorba sob o lyrico balc?o de D. Mafalda--tinha estendido sobre as campinas o seu manto de esmeraldas. Nas estradas que convergem a Lisboa um alegre raio de luz animava a circula??o da vida suburbana. Havia um novo tom festivo no chocalhar das recuas dos almocreves, no rodar das pesadas carro?as da hortali?a de que se exhalam emana??es appetitosas de cuentro e de pimpinella, no tic-tic do passo miudo e zeloso dos jumentos saloios ajoujados de bilhas de leite e de seir?es de roupa lavada. A agua das regas rumorejava suavemente por baixo da macia verdura aveludada dos favaes. As cotovias cantavam na espessura das hortas. Pelos port?es das quintas, de pateo ajardinado, sahia em calidas baforadas o perfume dos limoeiros. Por cima dos muros pintados de amarelo bracejavam sobre os caminhos as hastes dos pecegueiros em fl?r. Uma aragem tepida e balsamica cahia do ceu azul e envolvia n'um doce torpor voluptuoso e suave os nervos dos lisboetas que madrugavam voltando de Cintra ou desembarcando na gare de Santa Apolonia.
* * * * *
Foi dominado por essas influencias do clima, da paizagem, dos aspectos da natureza, que o sr. Fontes Pereira de Mello deliberou deitar-se abaixo do governo, retirando-se ao diletantismo particular e abandonando aos que iam pela via a burrinha pacata e fiel do poder, que elle cavalgara em cinco annos de choito glorioso atravez das _diversas provincias da publica administra??o_.
Somos informados de que s. ex.a, reunindo os seus collegas do ministerio e os seus mais intimos amigos politicos, lhes fallara d'esta arte:
Senhores! Achando-me esta manh? á janella do meu
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