Amor de Perdição 
 
The Project Gutenberg EBook of Amor de Perdição, by Camillo 
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Title: Amor de Perdição Memorias d'uma familia 
Author: Camillo Castello Branco 
Release Date: August 3, 2005 [EBook #16425] 
Language: Portuguese 
Character set encoding: ISO-8859-1 
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PERDIÇÃO *** 
 
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AMOR DE PERDIÇÃO. 
 
AMOR DE PERDIÇÃO
(MEMORIAS D'UMA FAMILIA). 
ROMANCE 
POR 
CAMILLO CASTELLO BRANCO. 
* * * * * 
Quem viu jámais vida amorosa, que não a visse afogada nas lagrimas 
do desastre ou do arrependimento? 
D. Francisco Manoel, (_Epanaphora amorosa_). 
* * * * * 
PORTO 
EM CASA DE N. MORÉ--EDITOR, 
PRAÇA DE D. PEDRO. 
A mesma casa em Coimbra, Rua da Calçada. 
Casa de Commissões em Paris, 2 bis, Rua d'Arcole. 
1862. 
 
PORTO: 1862--TYP. DE SEBASTIÃO JOSÉ PEREIRA. 
Rua do Almada, 641. 
 
AO ILLUSTRISSIMO E EXCELENTISSIMO SENHOR 
*ANTONIO MARIA DE FONTES PEREIRA DE MELLO*
DEDICA 
O Author. 
 
_Ill.^mo e Ex.^mo Snr. 
Ha de pensar muita gente que V. Ex.^a não dá valor algum a este livro, 
que a minha gratidão lhe dedica, porque muita gente está persuadida 
que ministros do estado não lêem novellas. É um engano. Uma vez 
ouvi eu um collega de V. Ex.^a discorrer no parlamento ácerca de 
caminhos de ferro. Com tanto engenho o fazia, de tantas flôres matizára 
aquella árida materia, que me deleitou ouvil-o. Na noite d'esse dia 
encontrei o collega de V. Ex.^a a lêr a Fanny, aquella Fanny, que sabia 
tanto de caminhos de ferro como eu. 
Que V. Ex.^a tem romances na sua bibliotheca, é convicção minha. 
Que lá tem alguns, que não leu porque o tempo lhe falece, e outros 
porque não merecem tempo, também o creio. Dê V. Ex.^a, no lote dos 
segundos, um logar a este livro, e terá assim V. Ex.^a significado que o 
recebe e aprecia, por levar em si o nome do mais agradecido e 
respeitador criado de V. Ex.^a 
Na cadêa da Relação do Porto, 
aos 26 de Setembro de 1861. 
Camillo Castello Branco_. 
 
PREFACIO. 
Folheando os livros de antigos assentamentos, no cartorio das cadêas 
da Relação do Porto, li, no das entradas dos presos desde 1803 a 1805, 
a folhas 232, o seguinte: 
_Simão Antonio Botelho, que assim disse chamar-se, ser solteiro, e 
estudante na Universidade de Coimbra, natural da cidade de Lisboa, e
assistente na occasião de sua prisão na cidade de Vizeu, idade de 
dezoito annos, filho de Domingos José Correia Botelho e de D. Rita 
Preciosa Caldeirão Castello-Branco, estatura ordinaria, cara redonda, 
olhos castanhos, cabello e barba preta, vestido com jaqueta de baetão 
azul, collête de fustão pintado e calça de panno pedrez. E fiz este 
assento, que assignei. 
Filippe Moreira Dias_. 
Á margem esquerda d'este assento está escripto: 
_Foi para a India em 17 de Março de 1807_. 
Não será fiar demasiadamente na sensibilidade do leitor, se cuido que o 
degredo de um moço de dezoito annos lhe havia de fazer dó. 
Dezoito annos! O arrebol dourado e escarlate da manhã da vida! As 
louçanias do coração que ainda não sonha em fructos, e todo se 
embalsama no perfume das flôres! Dezoito annos! O amor d'aquella 
idade! A passagem do seio da familia, dos braços de mãe, dos beijos 
das irmãs para as caricias mais dôces da virgem, que se lhe abre ao lado 
como flôr da mesma sazão e dos mesmos aromas, e á mesma hora da 
vida! Dezoito annos!... E degradado da patria, do amor, e da familia! 
Nunca mais o ceo de Portugal, nem liberdade, nem irmãos, nem mãe, 
nem rehabilitação, nem dignidade, nem um amigo!... É triste! 
O leitor de certo se compungia; e a leitora se lhe dissessem, em menos 
de uma linha, a historia d'aquelles dezoito annos, choraria! Pois não? A 
olhos enchutos poderia ouvil-a a mulher, a creatura mais bem formada 
das branduras da piedade, a que por vezes traz comsigo do ceo um 
reflexo da divina misericordia, essa, a minha leitora, a carinhosa amiga 
de todos os infelizes não choraria se lhe dissessem que o pobre moço 
perdêra honra, rehabilitação, patria, liberdade, irmãs, mãe, tudo, por 
amor da primeira mulher que o despertou do seu dormir de innocentes 
desejos?! 
Chorava, chorava! Assim eu lhe soubesse dizer o doloroso sobresalto 
que me causaram aquellas linhas, de proposito procuradas, e lidas com
amargura e respeito e, ao mesmo tempo, odio. Odio, sim... A tempo 
verão se é perdoavel o odio, ou se antes me não fôra melhor    
    
		
	
	
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