virtude laureada, by Manoel 
Maria de Barbosa du Bocage 
 
Project Gutenberg's A virtude laureada, by Manoel Maria de Barbosa 
du Bocage This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and 
with almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away 
or re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included 
with this eBook or online at www.gutenberg.org 
Title: A virtude laureada Drama Recitado no Theatro do Salitre 
Author: Manoel Maria de Barbosa du Bocage 
Release Date: September 5, 2006 [EBook #19189] 
Language: Portuguese 
Character set encoding: ISO-8859-1 
*** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK A 
VIRTUDE LAUREADA *** 
 
Produced by Pedro Saborano (Este ficheiro foi produzido a partir da 
digitalização do original, disponibilizada pela Biblioteca Nacional de 
Portugal - This file was produced from images generously made 
available by National Library of Portugal) 
 
*A VIRTUDE LAUREADA*,
Drama Recitado no Theatro do Salitre, 
Composto, e Dirigido ao Reverendissimo Padre Mestre 
Fr. José Marianno Da Conceição Velloso, 
Administrador da Impressão Regia, e Deputado da Junta Económica, 
Administrativa, e Litteraria da mesma Impressão, etc. etc. 
Por seu muito devedor, e amigo 
Manoel Maria de Barbosa du Bocage 
Lisboa, Na Impressão Regia 
Anno M.DCCC.V. 
Por ordem superior. 
* * * * * 
 
ADVERTENCIA. 
Sería injustiça exigir o desempenho de todos os Preceitos Dramaticaes 
em huma composição deste genero, cujo merito essencial he aprazer 
aos olhos por meio do espectáculo, e variedade das Scenas. 
Nudo... occurrit, per se pulcherrima, Virtus. Cardos. Cant. de Tripol. 
* * * * * 
Ao Reverendissimo Padre Mestre e Senhor Fr. José Marianno da 
Conceição Velloso. 
 
*EPISTOLA.*
Qual d'entre as rôtas, náufragas cavernas Do lenho que se abrio, desfez 
nas rochas, Colhe affanoso, deploravel Nauta Reliquias tenues, com 
que a vida estêe, Em erma, ignota praia, a que aboiárão, E onde a custo 
o remio propicia antenna: Tal eu, que da Existencia o Pégo, o Abysmo, 
(De que assomão, rebentão, rugem, fervem Rochedos, Escarcéos, 
Tufões, e Raios) Tal eu, que da Existencia o Mar sanhudo Vi romper 
meu Baixel, e arremessar-me A inhóspitos montões de estranha arêa, 
Triste recolho os míseros sobêjos, Com que esvaído alento instaure, 
esforce, E avive os dias, que amorteço em mágoas. Em ti, constante, 
desvelado Amigo, Demando contra a Sorte asylo, e sombra; Oh das 
Musas Fautor, de Flora Alumno! (Rasgado o véo da Alegoria) estende 
Ao Metro, que desvale, a Mão, que presta. Se azas lhe deres, em suave 
adêjo De Lysia ao seio, que a Virtude amima, Della Cultores, voárão 
meus Versos, E o Patrio, doce Amor ser-lhe-ha piedoso. 
Bocage. 
* * * * * 
 
*ACTORES.* 
A Sciencia. A Hospitalidade. A Indigencia. A Policia. A Libertinagem. 
O Genio Lusitano. 
* * * * * 
 
*ACTO UNICO.* 
Praça magnífica sobre as Margens do Téjo. 
 
*SCENA I.* 
A Sciencia por hum lado, e a Indigencia por outro, com a 
Hospitalidade.
Sciencia. 
Eu, que elevo os Mortaes, e os esclarêço, Que méço a Lua, o Sol, que o 
Mundo abranjo, Que da vetusta Idade aclaro as sombras, Que entro por 
seus arcanos, e revóco D'entre o pó, d'entre a cinza, d'entre o Nada Ao 
Seculo vivente as Eras mortas; Que dócil fiz o indómito Oceano, 
Abysmo de pavor, de bôjo immenso, Que só por alta Lei não sorve a 
Terra; Eu, do grão Jove, Confidente e Imagem, Que do Fado os 
Mysterios desarreigo, E co'a Moral dos Ceos cultivo o Globo; Eu, a 
Sciencia, eu Fonte, eu Mãi das Artes, Que sei desirmanar na 
Intelligencia Entes, na fórma iguaes, na especie os mesmos, 
Tornando-os entre si tão desconformes, Qual dista do Selvagem bruto, 
e fero, Macio Cidadão, que as Léis polirão, Ah! não posso impetrar, 
colher dos Numes Para os Alumnos meus pavêz sagrado A teus golpes, 
Fortuna, inteiro, illeso! Sem que benigna mão lhe adoce os Fados, Sem 
que escaça piedade o chame á vida, De vigilias mirrado o Sabio morre. 
Almas corrompe do Egoismo a peste; Camões, Homeros na penuria 
cantão: Ei-los co'a gloria temperando a sorte; Sôão prodigios de hum, 
prodigios de outro; Férrea Caterva os ouve: admira, e foge. Só quando 
o Vate he cinza, o Muito he nada, Por elles se interéssa o Mundo 
ingrato; Na gloria estéril de Epitafio triste Solidos bens o Barbaro 
compensa: Contradictoria Humanidade insana! No insensivel sepulcro 
os Sabios honra, E os Sabios não remio na desventura! Quaes elles 
forão diz, não diz, qual fôra: Nas almas frias o remórso he mudo. Ai 
dos Alumnos meus! Soccorre-os, Fado, Risca do Livro eterno o duro 
artigo, Que ao Mérito, ao Saber seus premios veda; Aquece os 
Corações no ardor da Gloria, Fraterniza os Mortaes; onde suspirão, Os 
poucos Filhos meus co'a Mãi prosperem, E onde com seus innumeros 
sequazes Colhe triunfos, a Ignorancia gema. 
Indigencia. 
Mãi veneravel, teu queixume ouvindo. Amarga-me da vida o    
    
		
	
	
	Continue reading on your phone by scaning this QR Code
 
	 	
	
	
	    Tip: The current page has been bookmarked automatically. If you wish to continue reading later, just open the 
Dertz Homepage, and click on the 'continue reading' link at the bottom of the page.
	    
	    
