A Scena do Odio

José de Almada Negreiros
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The Project Gutenberg EBook of A Scena do Odio, by Jos�� de Almada Negreiros
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Title: A Scena do Odio
Author: Jos�� de Almada Negreiros
Release Date: September 16, 2007 [EBook #22615]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
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Produced by Vasco Salgado
Separata d'A CONTEMPORANEA 7
+A SCENA DO ODIO+
POR
+Jos�� d'Almada-Negreiros+
POETA SENSACIONISTA?E NARCISO DO EGYPTO
1915
[Nota do Transcritor: Aqui surge a ilustra??o com o autor.]
(ALMADA por D. VASQUEZ DIAS)
_Collabora??o in��dita d'ORPHEU N.^o 3_
A ALVARO DE CAMPOS
_Excerptos de um poema desbaratado?que foi escripto durante os?tr��s dias e as tr��s noites que durou?a revolu??o de 14 de Maio de 1915._
Satanizo-Me Tara na Vara de Moys��s!?O castigo das serpentes ��-Me riso nos dentes,?Inferno a arder o Meu cantar!?Sou Vermelho-Niag��ra dos sexos escancarados nos chicotes dos cossacos! Sou Pan-Demonio-Trifauce enfermi?o de Gula!?Sou Genio de Zarathustra em Ta?as de Mar��-Alta!?Sou Raiva de Medusa e Damna??o do Sol!
Ladram-Me a Vida por viv��-La?e s�� me deram Uma!?H?o-de lati-La por sina!?agora quero viv��-La!?Hei-de Poeta cant��-La em Gala sonora e dina!?Hei-de Gloria desannuvi��-La!?Hei-de Guindaste i?��-La Esfinge?da Valla commum onde Me querem rir!?Hei-de trov?o-clarim lev��-La Luz?��s Almas-Noites do Jardim das Lagrymas!?Hei-de bombo ruf��-La pompa de Pompeia?nos Funeraes de Mim!?Hei-de Alfange-Mahoma?cantar Sodoma na Voz de Nero!?Hei-de ser Fuas sem Virgem do Milagre,?hei-de ser galope opiado e doido, opiado e doido...,?hei-de ser Attila, hei-de Nero, hei-de Eu,?cantar Attila, cantar Nero, cantar Eu!
Sou throno de Abandono, mal-fadado,?nas iras dos barbaros, meus Av��s.?Oi?o ainda da Berlinda d'Eu ser sina?gemidos vencidos de fracos,?ruidos famintos de saque,?ais distantes de Maldi??o eterna em Voz antiga!?Sou ruinas razas, innocentes?como as azas de rapinas afogadas.?Sou reliquias de martyres impotentes?sequestradas em antros do Vicio e da Virtude.?Sou clausura de Sancta professa,?M?e exilada do Mal,?Hostia d'Angustia no Claustro,?freira demente e donzella,?virtude sosinha da cella?em penitencia do sexo!?Sou rasto espesinhado d'Invasores?que cruzaram o meu sangue, desvirgando-o.?Sou a Raiva atavica dos Tavoras,?o sangue bastardo de Nero,?o odio do ultimo instante?do condemnado innocente!?A podenga do Limbo mordeu raivosa?as pernas nuas da minh'Alma sem baptismo...?Ah! que eu sinto, claramente, que nasci?de uma praga de ciumes!?Eu sou as sete pragas sobre o Nylo?e a Alma dos Borgias a penar!
E eu vivo aqui desterrado e Job?da Vida-gemea d'Eu ser feliz!?E eu vivo aqui sepultado vivo?na Verdade de nunca ser Eu!?Sou apenas o Mendigo de Mim-Proprio,?orph?o da Virgem do meu sentir.
(Pezam kilos no Meu querer?as salas-de-espera de Mim.?Tu chegas sempre primeiro...?Eu volto sempre amanh?...?Agora vou esperar que morras.?Mas tu ��s tantos que n?o morres...?Vou deixar d'esp'rar que morras?--Vou deixar d'esp'rar por Mim?!...)
Ah! que eu sinto, claramente, que nasci?de uma praga de ciumes!?Eu sou as sete pragas sobre o Nylo?e a Alma dos Borgias a penar!
Hei-de, entretanto, gastar a garganta?a insultar-te, �� b��sta!?Hei-de morder-te a ponta do rabo?e p?r-te as m?os no ch?o, no seu logar!?Ahi! Salt��mbanco-bando de bandoleiros nefastos!?Quadrilheiros contrabandistas da Imbecilidade!?Ahi! Espelho-aleij?o do Sentimento,?macaco-intruja do Alma-realejo!?Ahi! maquerelle da Ignorancia!?Silenceur do Genio-Tempestade!?Spleen da Indigest?o!?Ahi! meia-tijella, trav?o das Ascens?es!?Ahi! povo judeu dos Christos mais que Christo!?�� burguezia! �� ideal com i pequeno!?�� ideal roc��c�� dos Mendes e Possidonios!?�� cofre d'indigentes?cuja personalidade �� a moral de todos!?�� geral da mediocridade!?�� claque ignobil do vulgar, protagonista do normal!?�� catitismo das lindezas d'estalo!?Ahi! lucro do facil,?cartilha-cabotina dos limitados, dos restringidos!?Ahi! dique impecilho do Canal da Luz!?�� coito d'impotentes?a corar ao sol no riacho da Estupidez!?Ahi! Zero-barometro da Convic??o!?bitola dos chega, dos basta, dos n?o quero mais!?Ahi! plebeismo aristocratisado no pre?o do panam��!?erudi??o de cal?a de xadrez!?competencia de relogio d'oiro?e corrente com suores do Brazil?e berloques de cornos de buffalo!
Zutt! bruto-parvo-nada?que Me roubaste tudo:?'t�� Me roubaste a Vida?e n?o Me deixaste nada!?nem Me deixaste a Morte!?Zutt! poeira-pingo-microbio?que gemes pequenissimo gemidos gigantes,?gravido de uma d?r profeta colossal!?Zutt! elefante-berloque parasita do n?o presta!?Zutt! bugiganga-celluloide-bagatella!?Zutt! b��sta!?Zutt! b��coro!!?Zutt! merda!!!
E tu, tambem, vieille-roche, castello medieval?fechado por dentro das tuas ruinas!?Fiel epitaphio das cronicas aduladoras!?E tu tambem, �� sangue azul antigo?que j�� nasceste co'a biographia feita!?�� pagem loiro das cortezias-avozinhas!?�� pergaminho amarello-mumia?das grandes galas brancas das paradas?e das victorias dos torneios-loterias?com donzellas-glorias!?�� resto de sceptros, fumo de cinzas!?�� lavas frias do vulc?o pyrotechnico?com chuvas d'oiros e cabeleiras prateadas!?�� estilha?os heraldicos de vitraes?despegados lentamente sobre o tanque do silencio!?�� cedro secular?debru?ado no muro da Quinta sobre a estrada?a estorvar o caminho da Mala-posta!
E v��s tambem, �� Gentes de Pensamento,?�� Personalidades, �� Homens!?Artistas de todas as partes, crist?os sem patria,?Christos vencidos por serem s�� Um!?E v��s, �� Genios da Express?o,?e v��s tambem, �� Genios sem Voz!?�� alem-infinito sem regressos, sem nostalgias,?Espectadores gratuitos do Drama-Imenso de V��s-Mesmos!?Prophetas cladestinos?do Naufragio de Vossos Destinos!
E vos tambem, theoricos-irm?os-gemeos?do meu sentir internacional!?�� escravos da Independencia!
E tu tambem, Belleza Canalha?co'a sensibilidade manchada de vinho!?O lyrio bravo da
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