Viamos e não veremos | Page 2

Not Available
lhes basta para coserem p?o de Domingo a Domingo! Tem-se isto por prodigio grande, e por maior se deve ter que aturem os Militares mezes e mezes sem receberem hum real de Soldo para se vestirem e manterem. A segunda os faz constantes, por que o dezejo de aspirar, e crescer he natural, e com a certeza de melhorar de posto, e alcan?ar bons despachos, fazem pelos merecer, e n?o temem arriscar as vidas, porque o estimulo da honra he o melhor alicate que ha para avan?ar ás grandes emprezas, e tambem o do interesse. A terceira os faz leaes, por que se se imagin?o captivos, e que nunca poder?o renunciar o trabalho da Milicia, vestem-se da condi??o de escravos, e he o mesmo do odio a seus senhores, e em lugar de se portarem como Guerreiros Esfor?ados, port?o se como For?ados das Galés!! Hum Politico adiantou mais, e chegou a ponto de dizer, que pelo antigo costume, ou pratica observada na Milicia até ao presente, muito menos penozo era ser For?ado nas Galés! do que Soldado no Exercito; pois que o primeiro era preciso que o seu crime fosse muito grande para se prolongar o seu captiveiro por mais de dez annos, e o do segundo acabava com a existencia!
Viamos e n?o Veremos: Que hum benemerito Sargento que muitas vezes posto que n?o tenha grandes Estudos huma pratica consumada o tem posto capaz de responder por huma brigada quanto mais por huma companhia, ser perterido... Em suma considerado indigno de p?r huma banda á cinta!
Destes benemeritos Sargentos dignos n?o só de serem Officiaes, como acima dissemos, mas por huma consumada experiencia, honra, e pratica, capazes de responderem por huma Brigada, se encontr?o em o Regimento de Artilharia N.^o I. e em outros muitos Regimentos.
Viamos e n?o Veremos: Capit?es Móres com hum poder dispotico, e absoluto para cinco Recrutas que se lhes pedi?o, meterem em huma cadeia (que quasi sempre succedia proximo ao Natal em que os Lavradores mat?o os porcos!) cem e mais filhos de Lavradores, Viuvas, e Infelizes M?is; e depois a troco de peitas soltarem noventa e cinco affim de remetterem as cinco pedidas! Outro sim meter na mesma conta (e na mesma cadeia) homens trabalhadores, que por serem d'outras terras longe de suas familias desprovidos de dinheiro; (pois que regularmente quando cheg?o ao Sabbado já tem comido parte do dinheiro que se ha de vencer na Semana seguinte) alli se conservav?o trinta, quarenta, e mais dias, quasi morrendo de fome (o que chegaria a succeder sen?o f?ra a caridade dos fieis) até que o indigno Capit?o Mór complete a redu??o dos que prendeo, e dos que ha de mandar, e até das peitas que intentou receber!--Parece que pedia a justi?a, e a boa raz?o, (se em taes sugeitos se encontrassem!) que logo que se prende (que nunca se devêra prender) hum homem para servir a Patria, fosse sustentado pelas Camaras das mesmas Villas, assim como o s?o os Soldados nos Calhaboi?os.
Viamos, e n?o veremos, Chefes de Corpos (que em quasi todas as classes os havia até de Ladr?es!) capazes de contratarem entre Quarteis Mestres, e Soldados abonados (de dinheiro seu!!--N?o se procura aqui como ganho!) a venda da Fardetas quando ainda existentes na Fundi??o, e depois o mesmo Soldado em lugar de dadas que lhe er?o em recompensa de seus servi?os, ter de comprar as mesmas a 1200 réis, os quaes lhe er?o descontados no diario pagamento, e quando succedia n?o poder continuar a servir (por se achar só capaz de acabar a sua existencia pedindo esmola!) se lhe punha na sua Baixa esta verba: Vai pago de Fardas, e Fardetas (pelo contrario as tinha comprado com o seu dinheiro!) até ao presente (segundo a Data da Baixa, &c.)
Viamos e n?o Veremos, horrorosos quadros, como aquelle que nos apresenta o Jornal--O Patriota--sobre o pessimo e detestavel systema de tratar, e escolher a Maruja em Portugal nos ultimos calamitosos tempos:--"O pessimo tratamento dos Marujos, he outra causa da decadencia da Armada. Hum Marujo vilmente amarrado com huma corda, ou com as m?os algemadas, era conduzido para huma Cadeia d'alli passava a huma revista, er?o frivolos, er?o sem raz?o quantos motivos apresentasse; da revista para hum Deposito, aonde ociosos se dav?o a toda a qualidade de vicios, e de destemperos; do Deposito para huma Embarca??o, e na Embarca??o pela Barra fóra... He chegado o momento do trabalho... Poucos s?o capazes de subir, poucos s?o capazes de trabalhar, porque a maior parte s?o homens que se alguma vez embarcár?o foi do Caes das Columnas para o de Cassilhas, que julgo já lá existe; huns er?o gallegos do barril, outros padeiros, estes Officiaes de Carpinteiro, e Pedreiro, e quasi todos peores do que eu, que Deos me livre de me achar em taes assados! Mas a Embarca??o por milagre do
Continue reading on your phone by scaning this QR Code

 / 12
Tip: The current page has been bookmarked automatically. If you wish to continue reading later, just open the Dertz Homepage, and click on the 'continue reading' link at the bottom of the page.