Sol de Inverno

António Feijó
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The Project Gutenberg EBook of Sol de Inverno, by António Feijó
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Title: Sol de Inverno
ultimos versos : 1915
Author: António Feijó
Contributor: Luis Magalhães
Release Date: October 13, 2006 [EBook #19532]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
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INVERNO ***
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SOL DE INVERNO
OBRAS POÉTICAS, COMPLETAS DE ANTONIO FEIJÓ
_Sacerdos Magnus_, 1881.
_Transfigurações_, 1882.
_Lyricas e
Bucolicas_, 1884.
_Cancioneiro chinês_, 1903 (2.^a edição).
_Ilha
dos Amores_, 1897.
_Bailatas_, 1907.
_Sol de Inverno_, 1922.


_Novas Bailatas_, no prelo.
Nota: As _Bailatas_ foram publicadas sob o pseudónimo de _Ignacio
de Abreu e Lima_.
[Figura: Antonio Feijó]
ANTÓNIO FEIJÓ
Sol de Inverno
ULTIMOS VERSOS
(1915)
Livrarias AILLAUD e BERTRAND
PARIS-LISBOA
1922
Tip. do Anuário Comercial--Praça dos Restauradores, 24--Lisboa
PREFACIO
I
Com o _Sol de Inverno_, que, n'este volume, vê a luz da publicidade, e
com as _Novas Bailatas_, que vão entrar no prelo, a obra poetica de
Antonio Feijó encerra-se por duas magnificas affirmações do seu alto,
delicado e gentilissimo talento. A sua Musa emmudece para sempre. A
sua lyra quebra-se. Esses dois livros posthumos são o seu harmonioso
canto do cysne... É um grande poeta e um grande artista do verso que
dizem o supremo adeus á sua arte, exercida com tanta paixão e tanta
nobreza!
Esses livros deixou-os o Auctor dispostos, coordenados, paginados,
revistos minuciosamente, para os fazer imprimir. A morte permittiu-lhe,
ao menos, cuidar d'esse legado valioso e opulento, que ia testar á
litteratura patria. Quando ella o surprehendeu, a 20 de junho de 1917, o
trabalho estava acabado.
Mas o mundo ardia em guerra. A Europa era um campo de batalha

gigantesco em que os povos, como os Titans da gigantomachia do
mytho hellenico, luctavam braço a braço, trucidando-se em torrentes de
sangue. As communicações entre a Suecia, onde Feijó fallecera, no seu
posto diplomatico, e Portugal, estavam quasi cortadas. Os preciosos e
insubstituiveis originaes não podiam ser confiados a transportes
aventurosos, a correios irregulares e incertos, ás suspeitas da censura
dos belligerantes, aos riscos dos torpedeamentos maritimos. Foi preciso
que a paz se fizesse emfim e, com ella, a ordem e a normalidade da
vida internacional começassem a restabelecer-se n'esta convulsionada
Europa, para que o espolio litterario de Antonio Feijó pudesse vir com
segurança para Portugal, trazido pelas mãos dos seus proprios filhos.
A mim, seu velho companheiro e camarada, a elle ligado, desde os
dezoito annos, pela mais fraterna amizade, foi confiado o encargo de
superintender na publicação d'esses livros e de a preceder de algumas
palavras em que se esboce o perfil do Auctor e se ponham em justo
relevo os meritos eminentes da sua bella obra.
Encargo, ao mesmo tempo doloroso e grato, em que, á profunda
saudade do querido amigo morto, se juntou o enlevo espiritual de me
absorver nas altas emoções estheticas que a leitura d'esses dois livros
tão intensamente me fazia sentir!
Com que doce melancholia, com que piedoso recolhimento, com que
commovida curiosidade, com que alvoroçado interesse eu folheei os
dois originaes, copiados á machina, mas, quasi a cada pagina,
emendados pela sua lettra, com os offerecimentos aos seus amigos
traçados pelo seu punho, com os appendices, em que se archivavam os
juizos criticos das suas obras anteriores, por elle proprio coordenados!
Era o seu espirito que, d'essas frias regiões scandinavas, para onde os
azares da vida haviam exilado esse meridional de tão viva e ardente
imaginação, era o seu espirito que de lá nos vinha n'essas paginas,
palpitantes de emoção lyrica, sonoras de rythmos musicaes e de rimas
harmoniosas, todas refulgentes do esplendor das imagens e da pureza
plastica d'uma forma impecavel! Esse dom de immortalidade espiritual,
de revivescencia dos mortos na memoria das suas altas acções ou no
esplendor das suas grandes obras, senti-o, n'essa hora, tão

profundamente, que o meu coração, por momentos, se hallucinava,
dando-se a illusão de que era o proprio poeta que me estava recitando
as suas ultimas poesias, n'aquella dicção perfeita que tanto fazia realçar
as qualidades do seu verso!
Era com a sua alma que eu estava em contacto tambem,--com a sua
alma nos derradeiros annos da sua vida,--porque, n'esses livros, havia
muito dos seus affectos, dos seus pensamentos intimos, das suas
alegrias e esperanças, das suas mágoas, da suas torturas, das suas
dolentes nostalgias...
Ambos elles estavam concluidos e preparados para o prelo antes
d'aquelle supremo infortunio da sua vida, que
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