Salmos do prisioneiro

Jaime de Magalhães Lima

do prisioneiro, by Jaime de Magalh?es Lima

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Title: Salmos do prisioneiro
Author: Jaime de Magalh?es Lima
Release Date: April 15, 2007 [EBook #21082]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
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JAIME DE MAGALH?ES LIMA
SALMOS DO PRISIONEIRO
COIMBRA.
F. FRAN?A AMADO, EDITOR.
* * * * *
Salmos do Prisioneiro
Composto e impresso na Tipografia F. Fran?a Amado, rua Ferreira Borges, 115--Coimbra.
Jaime de Magalh?es Lima
Salmos do Prisioneiro
COIMBRA
F. FRAN?A AMADO, EDITOR
1915
* * * * *

Mentiu-me a liberdade, foi blasfemia! Foi engano, foi ilus?o, e atrai?oou-me, atrai?oando a f�� que me d�� a vida!
Vou levado de rastos neste mundo, guerreiro que nasci para ser vencido. Se movo o bra?o para combater por sonhos arrojados que o levantem, logo o sujeitam e mo fazem escravo as pris?es de que em v?o tento livrar-me--pris?es de amor, aben?oado carcere, onde sofre e se alegra o cora??o, onde se humilha pr��so a toda a terra e onde se exalta erguido a c��us eternos e ao Deus que rege a terra e rege os c��us.
A piedade, a d?r, remorso e f��, perd?o, esperan?a, a esmola e a contric??o, e a ilus?o e a m��goa e o desengano, tremores da consci��ncia que d��vida, as l��grimas de afecto e aquelas outras, candentes e de fogo, em que o ��rro chorou arrependido; e o sil��ncio, que eu temi, que eu amei e que busquei para todo me entregar ao seu poder; e a mudez que diz mais que a voz mais alta, e a sedu??o da morte, quanto anseio a minha alma pressentiu;--e quanta formosura nos afaga e quanta sombra nos aterra e prostra, a ��gua clara do regato l��mpido, a luz do dia, a verdura do prado, e toda a austeridade da montanha, severa, grande e rude, imperturb��vel, e o inflamado terror da tempestade, e o mar e as suas ondas tormentosas, e os p?mos rescendentes de perfume; a rosa, e a crian?a; e os olhos que fascinam; e a gra?a que incarnou na juventude, e a nobreza que �� a gra?a de velhice:--venceram-me, prenderam-me!...
E sempre que me ergui para libertar-me, sempre escravo ca�� do seu encanto; e no meu peito ouvi salmos de amor, louvando os ferros que o apertavam e louvando o Senhor que lhos mandava; e o meu peito os cantou e repetiu, sorrindo �� sorte que o rendeu cativo.
I
Da l��vida tormenta, que em nuvens repassadas do seu luto turva o dia amoroso de setembro, cai s?bre a terra a chuva maternal a dar seu leite ��s seivas minguadas e a dar aos p?mos tumidos a un??o de um derradeiro e salutar frescor.
Real?a na levada alvas espumas; redobra no a?ude o seu cantar; banha em cristal a rama dos carvalhos; a veiga reverdece; e o pinheiral, que ��l��m sofria a s��de entre os penhascos donde, heroico, brotou a desmentir-lhes sua infecunda aspereza abandonada, serenamente bebe o refrig��rio, como sofreu sereno a crueldade da ard��ncia do estio prolongado, seus ramos apontados ��s estrelas, quer pade?a tormentos, que se exalte em bens das suas horas mais felizes,--por certo vendo amor que n��s n?o vemos, mas que em suas esmolas n��s sentimos, na sombra, na fogueira e na choupana, no tecto dos casais e s?bre as ��guas, salvando do naufr��gio os desvairados filhos de cobi?a.
Ao longe, o tra?o agudo das montanhas cortando a seu capricho os horisontes, seus p��ncaros audazes e a profundeza das suas largas sombras misteriosas; e as ermidas onde vivem, guardadas da corrup??o do mundo e da mentira, a f�� e a singeleza; e os castelos onde em ruinas penam as vaidades e as ilus?es do orgulho e fortaleza--todos dos nossos olhos se perderam na confus?o das nuvens insond��veis, todos por sorte igual j�� se ocultaram na pl��cida cinza humedecida que brandamente os cobre em seu repouso.
Depois, dissipada a tormenta, veloz em seus errores transpondo os montes, um sil��ncio velado lhe sucede; e no ca��r da tarde, magoada de sombra e de mudez, ressurgem as ermidas e castelos, as montanhas e os cerros mais erguidos, casais, verduras, relvas e florestas, renascidos para a vida e formosura na ben??o baptismal de ��guas lustraes.
Mas agora, por toda a vastid?o da serrania, docemente vagueiam sonhos de candidez. Beijando o ch?o, pousou ali a alvura de nuvens desprendidas da procela, como se os c��us quizessem ser humildes, mandando �� terra anjos de pureza e bondade e caridade, a cobrir-lhe a aspereza
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