Reprezentação à Academia Real das Ciências sobre a refórma da ortografia

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Reprezentação à Academia Real
das Ciências
by Anonymous

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Title: Reprezentação à Academia Real das Ciências sobre a refórma da
ortografia
Author: Anonymous
Release Date: October 30, 2006 [EBook #19663]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
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REPREZENTAÇÃO À ACADEMIA ***

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REPREZENTAÇÃO Á ACADEMIA REAL DAS CIÊNCIAS SOBRE
A REFÓRMA DA ORTOGRAFIA
LISBOA IMPRENSA NACIONAL 1878

REPREZENTAÇÃO Á ACADEMIA REAL DAS CIÊNCIAS SOBRE
A REFÓRMA DA ORTOGRAFIA
Senhores.--Os abaixo assinados dirijem-se á academia real das ciências
em cumprimento de um dever.
Numa reunião pública, celebrada nésta cidade em 23 do corrente, fôrão
encarregados de, em comissão, pedir a éssa real academia que ocorra a
uma necessidade que quázi só d'éla póde esperar satisfação; e vem
dezempenhar-se do onrozo encargo.
Paréce-lhes ociozo aduzir argumentos para justificar o pedido. Não
tendo a língua uma gramática e um dicionário que póssão dizer-se
oficiais, não avendo nórma para a ortografia, nem para a pronúncia, e
sendo isso o que se péde á academia, déve considerar-se desnecessária
qualquér justificação.
O parecer de que ésta reprezentação vai acompanhada, contem um
sistema de ortografia e um método de o pôr em prática, os quais
avaliareis como merecêrem. Os abaixo assinados apenas esprímem o
dezejo e a esperança de que julgueis dever adòtal-os.
Dando pois ezecução á primeira parte da propósta que termina esse
parecer, e que a mencionada reunião aprovou com escluzão das
palavras--ou outro que julgue melhór, no cazo de rejeitar este--, os
abaixo assinados pédem á academia real das ciências que, publicando
uma gramática e um dicionário ao mesmo tempo ortográfico e
prozódico ou ao menos um vocabulário, se digne preenxer éssa lacuna
e satisfazer éssa necessidade que todos reconhécem e sêntem,--a de
uma ortografia nòrmal.

Não pódem porem deixar de xamar a vóssa atenção para a alteração
aludida, que a reunião onde fôrão eleitos, fês no parecer da comissão.
Por éla vê-se que a opinião d'aquéla assembleia é, que a refórma a
realizar na ortografia déve ser em sentido sónico.
Dignai-vos acreditar, senhores académicos, em nóssos sentimentos de
consideração e respeito.
Porto, 26 de dezembro de 1878.==Adriano de Abreu Cardoso Machado,
prezidente==Conde de Samodães==Manuel Felippe
Coelho==Agostinho da Silva Vieira==Jozé Barbóza Leão.

*Parecer da comissão de refórma ortografica*
Senhores.--Reconhecendo o estado anárquico da nóssa ortografia, e que
é precizo fazêl-o cessar, nomeastes em reunião de 27 de maio uma
comissão, encarregada d'estudar e propor-vos os meios de alcançar esse
desideratum; o qual só póde conseguir-se dotando a língua com uma
ortografia nòrmal.
Aceitando uma parte dos eleitos o espinhozo mas onrozo encargo, a
comissão constituiu-se. E ao encetar os seus trabalhos ofereceu-se-lhe,
como questão prévia, determinar qual o dezenvolvimento que deveria
dar-lhes.
Efètivamente alguem podia entender que éla teria satisfeito propondo
simplesmente, que se reprezentasse á àutoridade competente para que
determinasse aquéla ortografia, e fizésse com que só éla fosse ensinada
nas escólas, e empregada nas repartiçõis públicas assim como nas
tipografias e litografias da sua dependência em tudo que tivésse carátèr
oficial. Outros podíão julgar que se devia ao mesmo tempo pedir, que a
ortografia determinada fosse o mais simples possível: a fim de que o
aprender a ler e escrever se tornasse por esse módo tão fácil, como
póde realmente. E podia tambem querer-se, que se lhe propuzésse a
ortografia que devia ser adòtada.
Teve portanto de rezolver ésta questão, depois de a estudar sôb este

tríplice módo de ver.
Pareceu-lhe porem, que uma pouca de reflèção bastava para se pôr de
parte a primeira ideia. Todos sábem a consideração que em jeral
merécem, e os rezultados que é costume alcançárem, reprezentaçõis
d'éssas em assuntos d'ésta natureza; e a comissão não podia acreditar
que ficásseis satisfeitos com uma propósta que não teria utilidade
prática. Assim como lhe pareceu que a segunda ideia, sendo sujeita aos
mesmos inconvenientes, devia ser pósta de parte como a primeira.
Julgou pois, que éra seu dever tomar no sentido mais amplo a missão
que recebera, e dezempenhal-a néssa conformidade; isto é, no sentido
de se indicar a ortografia, que deveria pedir-se que fosse estabelecida
como ortografia nòrmal. Éra árdua a taréfa, mas não podia declinal-a.
Neste ponto, a comissão teve de reconhecer que a ortografia portugueza
não podia deixar de ser etimolójica, sónica ou mista.
Óra, a mista é a ortografia
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