Lyra da Mocidade

Faustino Fonseca Júnior
A free download from www.dertz.in

The Project Gutenberg EBook of Lyra da Mocidade, by Faustino
Fonseca Júnior
This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with
almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or
re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included
with this eBook or online at www.gutenberg.org
Title: Lyra da Mocidade
Primeiros Versos
Author: Faustino Fonseca Júnior
Release Date: November 11, 2007 [EBook #23442]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
0. START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK LYRA DA
MOCIDADE ***
Produced by Vasco Salgado
+LYRA DA MOCIDADE+
TYP. ARTISTICA
27--Rua do Visconde de Bruges--29
+Faustino Fonseca J.^or+
+LYRA DA MOCIDADE+
(Primeiros versos)
Angra do Heroismo

1892
A MEU AVÔ
O SNR. ANTONIO RODRIGUES DE FREITAS
+LYRA DA MOCIDADE+
Os versos na mocidade
Todos fazem, e a razão
É serem necessidade
Aos risos do coração.
O futuro côr de roza,
O mundo cheio de encantos;
A nossa alma jubilosa
Não chorou
amargos prantos.
Desde o ar que se respira,
Ao ceo da côr de saphira,
Tudo ri e diz--Amar!
E contemplando a belleza,
O sorrir da natureza,
Sabemos todos cantar.
+ELLA+
O busto esculptural e primoroso,
O braço torneado, a linda mão,
O rosto avelludado e tão mimozo

Que da roza assemelha-se ao botão.
O cabello d'um negro tão lustroso,
A boquinha vermelha, ó perfeição!
O olhar d'um fulgôr tão radioso,

Que belleza e ternura d'expressão!
Ao vêl-a devaneio, fico louco,

Creio que o meu amôr todo inda é pouco
Lembrei-me, e se deixasse
de a adorar?
Pode deixar d'amar-se os astros lindos,
Do ceo e terra os dons os bens infindos,
A luz doce e tão pura do
luar?
Angra do Heroismo,
1890
+O MAR+
Gigante irrequieto, immenso mar,
Inspira-me tão funda nostalgia
O teu sonoro e doce murmurar!
Quando ao sol posto a areia luzidia
Tu vens traquillamente rebeijar
N'alma despertas maga poesia.
O teu esverdeado transparente
Fala-nos meigamente d'esperança
A ondular poetico, dolente,
Beijado pelas auras da bonança;
Parece-me o brincar puro, innocente,
Inofensivo e meigo da creança!

Mas quando agitas o teu seio immenso
No voltear das vagas alterosas
Rugindo com fragor enorme, intenso,
Já não tem expressões harmoniosas
Teu palpitar e n'essa hora eu penso
Em coisas bem sinistras,
pavorosas.

Ó monstro, no teu seio tens sumido
Victimas aos milhões, causas terror,
Tens navios, cidades engulido.
Será um côro de vingança e dôr
Das victimas, ó mar, o teu rugido,
Ou do remorso o pávido clamor?
Angra do Heroismo
1890
+31 DE JANEIRO DE 1891+
Aos Revolucionarios do Porto
Foi ha um anno já! Leaes, ardentes
Filhos do nosso querido Portugal,
Viva, viva a Republica! Valentes,

Bradaram em hosana triumphal,
Ao som da Portugueza revoltados,
Hastearam ao sol nosso pendão,
E pelo Justo Ideal, rudes soldados,

Luctaram sempre até morder o chão!
Os cerbéros fieis da monarchia
Afogaram, porém, a rebeldia
Em ondas de bom sangue, carniceiros!
E os bravos que luctavam com esperança
Cahiram a bradar: Odio! Vingança!
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
É
tempo já! Vingar os Companheiros!
Lisboa, 1982
+O GUERRILHEIR0+
Excerpto

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Na lucta,
sim! Na lucta! Ella ha-de ser perigosa,
Tem força o estrangeiro e nós desamparados,
Na lucta, sim, na lucta!
Antes a morte honrosa
E contra o invasor todos somos soldados.
Na
lucta, sim, na lucta! A patria tão querida
Não querem ambições estranhas respeitar;
Não sabem que pr'a nós
ella é santa guarida
Onde temos familia, a mãe, a esposa, o lar!
A
patria! O berço querido aonde nós brincámos,
As doces illusões, formoso eden de amores,
O prado onde corremos,
onde balbuciámos,
Onde tudo são risos, onde tudo são flôres.

Imaginar alguem que pode impunemente
Roubar, acommetter a nossa boa terra!
Á lucta havemos de ir
desassombradamente,
E por todos os meios lhe faremos a guerra!
Á
lucta! Hão-de correr os rudes camponezes,
Á lucta! Hão-de chegar os destros marinheiros,
Á lucta! Hão-de
accudir todos os portuguezes,
Á lucta! Havemos de ir contra esses
estrangeiros!
Os rios, a montanha, as selvas, o arvoredo,
As pedras da calçada, os vagalhões do mar,
O solo, o proprio solo! A
voz do fragoedo,
Tudo isso contra elles se ha-de levantar.
Á lucta!
Ha-de echoar n'um gigantesco brado
Da extensa planicie ao recondito val,
O povo ha-de accudir. Um
homem um soldado,
Um soldado um heroe pr'a salvar Portugal!
Acto I Scena final
+PORQUE TE AMO+
Amo-te porque és tão linda

Como é linda a luz do sol,
Tens o frescor da alvorada,
Tens a côr
afogueada
Como os tons d'um arrebol.
Amo-te porque és tão bella
Como é bella a flôr mimosa
Que viceja n'um jardim,
A açucena ou
o jasmim,
O lyrio, o cravo, uma roza.
Amo-te porque fascinas
Com esse olhar fulgurante
Que asseteia os corações,
D'esses olhos
dois
Continue reading on your phone by scaning this QR Code

 / 8
Tip: The current page has been bookmarked automatically. If you wish to continue reading later, just open the Dertz Homepage, and click on the 'continue reading' link at the bottom of the page.