Luar de Janeiro

Augusto Gil
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Title: Luar de Janeiro
Author: Augusto Gil
Release Date: March 10, 2006 [EBook #17962]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
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JANEIRO ***
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Augusto Gil
Luar de Janeiro
[Figura: Olhos Olhae a Direito]
Luar de Janeiro
AUGUSTO GIL
*Luar de Janeiro*

LISBOA
1909
Edição da empreza d'A Lanterna--Escriptorios, rua das Gaveas, 45,
2.^o
Typ. do Commercio, rua da Oliveira, ao Carmo, 10, Lisboa
Áquelles que virem, neste volume de liricas, uma reviravolta effectuada
sobre a génese d'O Canto da Cigarra objectarei, com antecipada
promessa de facil prova, que os dois livros teem uma tão intima ligação
como a existente entre os pontos extremos da curva d'amplitude dum
pêndulo.
Aos que me censurem pela circumstancia de não ter logrado, na minha
subalterna categoria de poeta menor, firmar-me numa posição
d'equilibrio estavel, pergunto, em tom humilde, quem é que neste
confuso seculo de latente misticismo humanitario, de demolidora
negação e d'anciedade conjunctamente afflictiva e sceptica, terá a
coragem de dizer que o encontrou--já não quero como artista, porque a
esse as influencias ambientes lhe communicam entre-cruzadas e
descoordenadas vibrações--mas na propria e mais serena esphera do
pensamento. Se algum de vós me retorquir com o eureka do antigo
geometra, ou é um sectario, ou um caturra,--ou um simples.
Sabio, como o de Syracusa, é que não é...
Adeante.
Novembro de (1)909.
O auctor
De la musique encore et toujours

Que ton vers soit la bonne aventure
Éparse au vent crispé du matin


Qui va fleurant la menthe et le thym,
Et tout le reste est litterature.
Verlaine
Et c'est pourquoi ce livre-ci (qu'il était peut-être bon d'écrire) nous
savons, toi et moi, a quels mysterieux balbutiements le réduirait le
tête-à-tête--et tout ce que je n'ai pas dit, qu'il ne fallait pas dire. Et tu
sais combien de pages menteuses devront, pour des motifs de faiblesse
personnelle ou de nécessité invencible, accompagner la bonne page,
celle que ce livre encore annonce et ordone--_tu sais, tu comprends et
tu pardonnes_...
Charles Morice.
A Coelho de Carvalho
Tout court, porque não ha adjectivos que não empallideçam ante a
claridade dos seus talentos.
Luar de janeiro,
Fria claridade
Á luz delle foi talvez
Que primeiro
A bocca dum português
Disse
a palavra saudade...
Luar de platina,
Luar que allumia
Mas que não aquece,

Photographia
D'alegre menina
Que ha muitos annos já...
envelhecesse.
Luar de janeiro,
O gelo tornado
Luminosidade...
Rosa sem cheiro,

Amor passado
De que ficasse apenas a amizade...
Luar das nevadas,
Algido e lindo,
Janellas fechadas,
Fechadas as
portas
E elle fulgindo,
Limpido e lindo,
Como boquinhas de
creanças mortas,
Na morte geladas
--E ainda sorrindo...
Luar de janeiro,
Luzente candeia
De quem não tem nada,
--Nem o
calor dum brazeiro,
Nem pão duro para a ceia,
Nem uma pobre

morada...
Luar dos poetas e dos miseraveis,
Como se um laço estreito nos
unisse,
São similhaveis
O nosso mau destino e o que tens...
De nós, da nossa dôr, a turba--ri-se
--E a ti, sagrado ladram-te os
cães!
[Figura: A linda imagem pertence ao arruinado Mosteiro do Calvario,
d'Evora, e constitue a unica mas encantadora manifestação d'arte desse
pobrissimo convento. Foi doado ás monjas que o occupavam, por D.
Izabel Juliana de Souza Coutinho, forçada noiva de José de Carvalho,
filho do Marquez de Pombal. D. Izabel esteve enclausurada no
Mosteiro do Calvario, por ordem do duro ministro, até se resolver a
acceitar a mão do filho. Depois da morte do rei D. José, foi o
matrimonio annullado, vindo D. Izabel a formar o tronco da casa
Palmella pelo casamento com D. Alexandre de Souza. (Notas
extrahidas dum artigo do erudito antiquario eborense Sr. José Barata. In
_Serões_, Junho de (1)907)
O menino Jesus será obra de Machado de Castro?]
SEXTILHAS A UM MENINO JESUS D'EVORA
_A João Barreira_
«Em Evora vi um menino...
...Que a dois annos não chegava
...Era
de maravilhar»...
Garcia de Rezende. Miscellanea.
Num convento solitario
D'Evora, cidade clara,
Claro celleiro de pão,

Existe uma imagem rara
Obra dum imaginario
Dos tempos que já
lá vão...
É um menino Jesus,
De bochechinha brunida
Côr de maçã camoeza,

Mas no seu rosto transluz
Uma expressão dolorida
Que enche a

gente de tristeza...
De tantissimas imagens
Nenhuma vi que mais prenda,
Que maior
ternura expanda,
Com suas calças de renda,
Seu vestido de
ramagens,
--E corôa posta á banda...
Gordo, nedio, bem trajado,
Deveria ser feliz,
Deveria estar sorrindo;

Mas o seu olhar maguado,
Tão maguado, tão lindo,
Que não o é,
bem n'o diz...
Se não fosse por ser Deus
E o seu poder infinito
Ter sempre que o
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