Chronica de el-rei D. Affonso V

Rui de Pina
de el-rei D. Affonso V (Vol. II),
by Rui de Pina

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Title: Chronica de el-rei D. Affonso V (Vol. II)
Author: Rui de Pina
Release Date: June 23, 2007 [EBook #21911]
Language: Portuguese
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CHRONICA DE EL-REI D. AFFONSO V ***

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BIBLIOTHECA DE CLASSICOS PORTUGUEZES

PROPRIETARIO E FUNDADOR
MELLO D'AZEVEDO

Bibliotheca de Classicos Portuguezes
Proprietario e fundador--Mello d'Azevedo
CHRONICA DE EL-REI D. AFFONSO V
POR
Ruy de Pina
VOL. II
ESCRIPTORIO 147--Rua dos Retrozeiros--147 LISBOA
1902

CAPITULO LXXX
D'outra embaixada que ao Regente veiu d'El-Rei e do povo de Castella,
sobre as mesmas cousas da Rainha, e da resposta que houveram, e
como se entendeu em alguma concordia e contentamento da Rainha
E o Infante D. Pedro se foi com El-Rei á cidada do Porto, onde
tornaram a elle sobre o mesmo caso da Rainha quatro embaixadores,
dois em nome d'El-Rei de Castella, e dois em nome do seu povo;
porque a Rainha D. Lianor, quando viu os primeiros embaixadores
tornar com resposta á sua esperança e desejo tão contraira, começou
claramente de conhecer os enganos em que caira, e lastimando-se d'isso
aos Infantes seus irmãos, elles por em alguma maneira cumprirem com
ella, fizeram com El-Rei que os procurados dos povos de seus reinos
em côrtes ouvissem, como ouviram suas querellas e agravos contra o
Regente, e com tal graveza se propozeram, que foi accordado enviar-se

já por final aquella embaixada, em nome d'El-Rei e do povo com
temerosas protestações, dizendo que quando aos requerimentos d'ella
não se satisfizesse, poderiam então mover guerra, sem parecer que por
sua parte as pazes se quebrantavam. Sobre a qual o Regente teve
conselho, e enviou avisos aos Infantes e pessoas principaes do reino, e
foi determinado que o Infante não desse determinada resposta aos
embaixadores, e que por dilatar a remettesse, á que El-Rei seu Senhor
enviaria, para que offereceria a El-Rei de Castella todo o que por
contemplação sua e de seu povo á Rainha n'estes reinos se devia e
podia fazer.
E com isto despediu os embaixadores, e se foi com El-Rei á villa de
Tentuguel, que é no Campo Mondego. Onde accordou de enviar, como
enviou por embaixadores a Castella, como ficara, a Lionel de Lima,
que depois foi primeiro bisconde de Villa Nova de Caminha, e o doutor
Ruy Gomes d'Alvarenga. Os quaes bem instructos e avisados do que
haviam de dizer, se foram a El-Rei de Castella, com quem falaram em
apartado as cousas de sua embaixada, em que sustancialmente
concludiram que a Rainha por muitas causas, razões e impedimentos
que apontaram, não devia vir a estes reinos, nem menos ter a
governança d'elles, nem a criação d'El-Rei e seu irmão que requeria, e
que o reino todo havia por tamanho inconviniente para o bem e
assessego d'elle, que para o não consentir se despoeriam ante a todo
trabalho e perigo; mas ainda que por direito não houvesse para isso
obrigação, que por ser madre d'El-Rei seu Senhor, e por elle Rei o
requerer, lhe dariam onde ella quizesse fóra de Portugal, seu dote e
arras, e todas as cousas suas que n'este reino se achassem, que não
fossem da Corôa, e mais dez mil dobras d'ouro para satisfação dos que
a serviram. E com isto outras muitas razões, com exemplos de
merecimentos passados, porque El-Rei devia amar muito mais El-Rei
seu Senhor e ao Regente, que a Rainha D. Lianor nem a seus irmãos.
El-Rei de Castella depois de os ouvir, ante de lhe responder teve com
os grandes do seu reino sobr'isso conselho, em que eram os Infantes
d'Aragão e a Rainha, onde para a paz e para guerra houve votos e
sentenças contrairas; e finalmente o conde de Faram, e um Bispo da
Avila que eram presentes, com fundamentos e razões mui justas

concludiram que por este negocio da Rainha, ainda que fosse irmã, nem
filha d'El-Rei, que pelas pazes que com Portugal tinha feitas e juradas,
não lhe podia nem devia fazer guerra, e que a mór ajuda que á Rainha
podiam dar, assi era de rogos sómente; com os quaes dois senhores
muitos outros se foram. E o conde de Faram aderençou sua falla para a
Rainha, e lhe disse:
«Senhora, bem
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