A velhice do padre eterno

Guerra Junqueiro
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Junqueiro
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Title: A velhice do padre eterno
Author: Guerra Junqueiro
Release Date: November 17, 2007 [EBook #23526]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
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DO PADRE ETERNO ***
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Rita Farinha (Nov. 2007)
GUERRA JUNQUEIRO
A VELHICE DO PADRE ETERNO

EDITORA
LIVRARIA MINERVA
LISBOA
GUERRA JUNQUEIRO
A VELHICE DO PADRE ETERNO
EDITORA
LIVRARIA MINERVA
LISBOA
Á MEMORIA DE Guilherme D'Azevedo
A Eza de Queiroz
INDICE
Aos simples 9
A vinha do Senhor 17
A Caridade e a Justiça 25
O
Papão 30
Parasitas 31
Resposta ao Sillabus 33
O Baptismo 37

Eurico 38
A Arvore do Mal 39
A Semana Santa 43
A Barca de S.
Pedro 61
Ladainha 63
Como se faz um monstro 65
Calembour 70

A agua de Lourdes 71
Antonelli 73
O Dinheiro de S. Pedro 75

Ao nuncio Masella 77
Ladainha moderna 85
O Melro 89
Circular
103
A benção da locomotiva 109
A Hidra 111
A Valla commum
113
A Sésta do senhor abade 127
O Genesis 142
Fantasmas 145

Post-Scriptum 149
AOS SIMPLES
Ó almas que viveis puras, immaculadas
Na torre do luar da graça e da
illusão,
Vós que ainda conservaes, intactas, perfumadas,
As rosas
para nós ha tanto desfolhadas
Na aridez sepulchral do nosso coração;

Almas, filhas da luz das manhãs harmoniosas,
Da luz que acorda o
berço e que entreabre as rosas,
Da luz, olhar de Deus, da luz, benção
d'amor,

Que faz rir um nectario ao pé de cada abelha,
E faz cantar

um ninho ao pé de cada flor;
Almas, onde resplende, almas, onde se
espelha
A candura innocente e a bondade christã,
Como n'um céo
d'Abril o arco da alliança,
Como n'um lago azul a estrella da manhã;

Almas, urnas de fé, de caridade, e esp'rança,
Vasos d'oiro contendo
aberto um lirio santo,
Um lirio immorredoiro, um lirio alabastrino,

Que os anjos do Senhor vem orvalhar com pranto,
E a piedade florir
com seu clarão divino;
Almas que atravessaes o lodo da existencia,

Este lodo perverso, iniquo, envenenado,
Levando sobre a fronte o
esplendor da innocencia,
Calcando sob os pés o dragão do peccado;

Bemdictas sejaes, vós, almas que est'alma adora,
Almas cheias de
paz, humildade e alegria,
Para quem a consciencia é o sol de toda a
hora,
Para quem a virtude é o pão de cada dia!
Sois como a luz que
doira as trevas d'um monturo,
Ficando sempre branca a sorrir e a
cantar;
E tudo quanto em mim ha de bello ou de puro.
--Desde a
esmola que eu dou á prece que eu murmuro--
É vosso: fostes vós o
meu primeiro altar.
Lá da minha distante e encantadora infancia,

D'esse ninho d'amor e saudade sem fim,
Chega-me ainda a vossa
angelica fragrancia
Como uma harpa éolia a cantar a distancia,
Como um véo branco ao longe
inda a acenar por mim!
..................................................
Minha mãe, minha mãe! ai que saudade immensa,
Do tempo em que ajoelhava, orando, ao pé de ti.
Cahia mansa a noite; e andorinhas aos pares
Cruzavam-se voando em torno dos seus lares,
Suspensos do beiral da casa onde eu nasci.
Era a hora em que já sobre o feno das eiras
Dormia quieto e manso o impavido lebréu.
Vinham-nos das montanhas as canções das ceifeiras,

Como a alma d'um justo, ia em triumpho ao céo!...
E, mãos postas, ao pé do altar do teu regaço,
Vendo a lua subir, muda, alumiando o espaço,
Eu balbuciava a minha infantil oração,
Pedindo a Deus que está no azul do firmamento
Que mandasse um allivio a cada soffrimento,
Que mandasse uma estrella a cada escuridão.
Por todos eu orava e por todos pedia.
Pelos mortos no horror da terra negra e fria,
Por todas as paixões e por todas as magoas...
Pelos míseros que entre os uivos das procellas
Vão em noite sem lua e n'um barco sem vellas
Errantes atravez do turbilhão das aguas.
O meu coração puro, immaculado e santo
Ia ao throno de Deus pedir, como inda vae,
Para toda a nudez um panno do seu manto,
Para toda a miseria o orvalho do seu pranto
E para todo o crime o seu perdão de Pae!...

..................................................
A minha mãe faltou-me era eu pequenino,
Mas da sua piedade o fulgor diamantino
Ficou sempre abençoando a minha vida inteira
Como junto d'um leão um sorriso divino,
Como sobre uma forca um
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