13 Sonetos

Arnaldo Forte
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Title: 13 Sonetos
Author: Arnaldo Forte
Release Date: September 19, 2007 [EBook #22678]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
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Produced by Vasco Salgado
+13+
ARNALDO FORTE
Tip. A AMERICANA--48, Rua da Horta Sêca, 50--Lisboa
ARNALDO FORTE
+13+
SONETOS
Edição do Autor
1921

DEPOSITO
Sociedade Editora Portugal-Brazil, Ltd.
58, RUA
GARRETT, 60
LISBOA
DO AUTOR
CINZAS, 1908 (Fóra do mercado)
LUAR D'OUTONO, 1912
(Exgotado)
Encheste a minha vida d'amargura.
Encheste a minha vida de
martyrios.
Enchi a tua vida de ternura,
E vou encher o teu coval de
lyrios.
+Dia 13+
A sombra vae cahindo lentamente.
Cahindo, amortalhando devagar

A hostia ensanguentada do poente!
Ouvem-se ao longe as fontes
soluçar...
A aragem murmura docemente.
Ha preces de novena pelo ar.
A
natureza ás vezes tambem sente!
Ha tardes em que o ceu sabe chorar!
As velas assustadas, pela serra,
Paráram de moêr, fitando a Terra!

Passa um enterro... «É nova, vae tão cêdo!»
Falam maguas nos olhos de quem passa...
Anda no ar um vento de
Desgraça!
Amor, as tuas mãos... eu tenho mêdo!
13--Março 1916
+A vida é uma walsa...+
Naquela walsa que dansamos, lenta e linda,
Num baile onde, ao acaso,
um dia te encontrei,
Sem qu'rer, fiz-te chorar. Eu lembro-me ainda!

Foi toda a minha vida... a walsa que dansei!
Senti a tua alma entrar dentro da minha;
E ouvi teu coração falar
muito baixinho.
E ainda pressenti que a tua alma tinha
Anceios de

contar soluços de carinho.
Sentindo as tuas mãos nas minhas a queimar,
Eu disse-te orações... e
ouvi-te murmurar
Palavras que de cór meu peito diz ainda!
Vejo-te assim; juntinha a mim, d'olhos fechados...
Eu sinto que nós
dois andamos abraçados,
Dansando devagar, aquela walsa linda!
1916
+Fria+
Qu'importa o teu olhar sêja tão lindo,
E tenha a côr da luz que tem o
dia?
Qu'importa o teu sorriso doce, infindo,
Se és fria, como a pedra,
fria, fria!
Qu'importa esse teu corpo, se não sente!?
A alvura do teu colo
sempre a arfar,
Se não tem o calor que dá á gente,
A força p'ra viver
e para amar?!
Amor, no teu olhar eu tenho lido aos poucos,
Anceios exquisitos,
sonhos loucos...
E és fria como a louza em cemiterio!
Envolta nesse manto de Beleza,
Quando olho dos teus olhos a frieza,

Eu quedo-me a scismar nesse misterio!
1916
+Teus olhos falam maguas...+
Os teus olhos maguados dizem tanto!
Aos meus olhos, sem qu'rer,
teem contado
As maguas, os sorrisos, mais o pranto,
Que teus olhos
maguados tem chorado.
Teus olhos maguados vão no berço
Do meu peito, e dormem de
mansinho.
Teus olhos,--Padre-Nossos--são d'um terço,
Contas
d'Amor, que eu rezo tão baixinho...

Teus olhos maguados são dois beijos.
São promessas, sonhos, são
desejos...
E eu trago os olhos teus no coração.
São a luz da minh'alma entristecida;
Teus olhos maguados são a Vida,

E o sol da minha vida tambem são!
1916
+Violetas rôxas+
Inda tenho as florinhas inquietas,
Que beijaram teus seios pequeninos,

Atravez d'essas rendas indiscretas,
Sob entremeios brancos e tão
finos!
Flor's que dos teus labios coralinos
Ouviram confidencias tão secretas,

E que teus dedos brancos, peregrinos,
Deitaram fóra... Pobres
Violetas!
Perdidas pela sala e desatadas,
Encontrei-as, as pobres, requeimadas,

Ainda cheias desse teu encanto!
Mas lá 'stão inquietas e viçosas,
As que olharam teus seios
vergonhosas...
Reviveram nas aguas do meu pranto.
1916
+A minha alma já morreu...+
Eu não te disse, Amôr? Minh'alma já morreu
Cançada de esperar teus
olhos num anceio!
Cançada de rezar baixinho o nome teu.
A noite
era tão linda! E o teu olhar não veio!
E o teu olhar não trouxe a sombra dum carinho
Á minha pobre alma
exausta de sofrer!
Luar! Tanto Luar havia no caminho...
E a luz do
teu olhar não quiz vê-la morrer!

O teu olhar matou-a! E não quizeste vir
Trazer-lhe uma grinalda
branca do teu rir.
Ao menos murmurar baixinho uma oração!
Amor, sempre julguei que as tuas mãos pequenas,
Branquinhas como
duas açucenas,
Viessem ageitar minh'alma no caixão!
1917
+Vendida+
Vendeste a tua boca, aquela que beijára
Purinha e a sorrir, meus
versos a chorar.
Vendeste as tuas mãos, febris que eu apertára,
E
outr'ora já por mim se ergueram a rezar.
Vendeste o teu olhar, e o corpo airoso e lindo,
Enlevo do meu sonho,
a luz do meu viver.
Vendeste o teu sorrir, sorriso doce, infindo...

Que fôra para mim alivio de sofrer!
E nem sequer tens pena! És d'el' que te comprou!
Vender's a tua boca,
aquela que beijou
Meus versos a chorar por ti n'uma paixão!
És minha? És d'ele? És minha á luz do sentimento!
Tu vives d'este
amor. É meu teu pensamento.
És minha! Não vendeste ainda o
coração.
1917
+Um peccado+
Silhuete do Amor, corpinho d'anfora, esguia!
Olhar sonhando a rir,
promessas e desejos.
Braza a queimar, a arder, acesa á luz do dia...

Boca
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